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79 JANEIRO / FEVEREIRO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M Mara Cristina Gabrilli novo até hoje. Eu tenho que ficar prestando atenção no que ele está tentando me dizer, porque não é óbvio! JR – Você não acha que há um imenso desperdício das pessoas que não têm deficiência, de não se sintonizar mais com o próprio corpo? MARA – Eu acho. A organização dos movimentos do nosso corpo organiza nosso pensamento. Uma coisa está ligada à outra. Todo o trabalho que você despende com o corpo, toda atenção que você dá ao corpo, você dá para sua mente, para sua alma, para suas emoções, para a sua vida. JR – Tudo é uma coisa só: corpo, alma, sentimentos? MARA – Com certeza. JR – Sabe que essa é uma visão considerada pós-moderna? Um amigo meu e colega seu, psicó- logo, diz que, na modernidade racional, só valia a cabeça, as pessoas não entravam em sintonia com o resto do corpo, do pescoço para baixo... MARA – A gente não pode se fragmentar. A minha atitude com o meu corpo é a minha atitude com os outros corpos de que eu cuido, na cidade, e levam-me a uma atitude de devoção, de querer transformar, querer melhorar, de enxergar e ir atrás daquilo que tem para se ganhar; e não ficar pensando o que mudou, o que se perdeu. Nunca fui dessa linha. Eu sou de ficar buscando as poten- cialidades, tanto em mim quanto nos outros. JR – E a mistura da Publicidade com a Psicologia somou para você? MARA – Perfeita. Maravilhosa. Para a publicidade, é importantís- simo conhecer o ser humano, o funcionamento psíquico das pessoas. Conhecendo-as, é mais fácil agradá-las, saber o que vai despertar a sua curiosidade. E é uma ferramenta importante para o marketing, porque se sai daquele universo intimista, muitas vezes ensimesmado, de ficar buscando só a questão do pensamento e do sentimento, você sai do indivíduo e considera o mercado. Acho que leva a um equilíbrio muito inte- ressante. JR – Você acha que – para o seu trabalho – a publicidade tem sido útil; e os seus conhecimentos sobre como atrair a atenção das pessoas? MARA – Totalmente. Uso essas fer- ramentas da minha formação em tudo que faço. Junto com a ativi- dade de psicóloga, eu fundei uma ONG, para estimular a pesquisa de cura de paralisia e melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência. Comecei a fazer campanhas em restaurantes, com artistas plásticos, consegui pa- trocínio de óperas, para arrecadar fundo para a pesquisa. Quer dizer, “PARA SE DEFINIR A PESSOA COM DEFICIÊNCIA, É PRECISO JULGAR A CONDIÇÃO SOCIAL.” Ð

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