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Gestão de RH como fator competitivo 95 JANEIRO / FEVEREIRO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M Ð GRACIOSO – A Cia. Vale do Rio Doce ameaça o governo de cessar os investimentos, se o Ministério do Trabalho não mudar a política que, pratica- mente, impede a contratação de estrangeiros no Brasil. Eles não sabem mais onde encontrar os engenheiros de que precisam. A Embraer também. Querem trazer engenheiros de fora e o MT não permite. PAULO – Eu gostaria de abordar essa questão sob duas óticas: primeiro a da expectativa com relação à gestão de talentos, por parte da pessoa que tem o talento; e a outra é a expectativa do lado das empresas. Concordo com o que Lu i z expôs , mas o que vejo são esses talentos especiais – tidos como futuros executivos, futuros gerentes de pessoas – com uma expectativa muito grande, quando entram em uma organização, fazendo com que as empresas acelerem e, às vezes, “queimem” algumas etapas necessárias para o desen- volvimento das pessoas... JR – “Queimando” as pessoas? PAULO – Algumas vezes, sim. Pode acontecer de se promover uma pessoa para gerenciar ou- tras, sem que ela ainda tenha capacidade para isso. Acaba por forçar situações que depois, lá no futuro, refletem até em proble- mas legais, como assédio moral. São pessoas que pensam assim: “temos de fazer acontecer”. Sob a outra ótica, vejo pessoas com habi l idades , conhec imentos , mas só algumas usam essas ha- bilidades e esses conhecimentos. Para mim, é o que diferencia o talento especial do talento em geral. As empresas têm expecta- tivas, a partir do investimento em determinado profissional, de que isso se transforme em resultado para a organização. Ora, muitas vezes, conhecer duas ou três lín- guas, ter vivido em vários países e conhecer diversas culturas não será um diferencial competitivo den t r o de uma o r gan i zação específica. Há coisas que, às vezes, consideramos básicas e que , no Bra s i l , a i nda não são. Exemplo: línguas. Profissio- nais formados no exterior, com MBA, normalmente têm fluência em inglês e espanhol. Mas aquela fluência é apena s um conhec i - mento, uma habilidade de comunicação. Assim como a i n f o rmá t i ca , que costumamos tratar como coisas muito básicas mas que na verdade não são... MARCOS – Como é a questão da excelência, em termos do t a l en t o? Es se conce i t o pode diferenciar-se bastante de uma empresa para outra. Nesse mo- mento, estou na Telhanorte, que é uma organização de varejo, do grupo Saint-Gobain. São lojas, que abrem aos domingos. Tra- balhei em projetos de trainees na Saint-Gobain, e agora trabalho nos projetos da Telhanorte. En- tão, fazer com que esses jovens de alto nível venham trabalhar no domingo é um problema... GRACIOSO – Precisa vocação, mesmo. MARCOS – Talvez mais do que isso. Então qual é o conceito de excelência em cada tipo de or- ganização? Acho isso primordial. Em qualquer hipótese, o nível superior tem de ser constituído

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