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Mesa- Redonda 96 R E V I S T A D A E S P M – JANEIRO / FEVEREIRO DE 2008 “GESTÃO DE TALENTOS DEIXOU DE SER UMA QUESTÃO LOCAL PARA SER GLOBAL.” por verdadeiros talentos, porque é o que vai balizar o conceito de excelência para o resto da organi- zação, vai repercutir – em cadeia decrescente – daí em diante. O segundo ponto é: há 10 ou 12 anos, lembro que, no grupo Saint-Gobain, lançamos o projeto trainee como uma espécie de jovens salvadores da pátria, verdadeiros heróis. Usando força de expressão, contratavam- se centauros: metade homem e metade cavalo. E eles apresentavam uma relação difícil com o resto da organização. Isso impactou muito e – ao mesmo tempo – não resolvia o problema; porque, na organização moderna, é necessário um conjunto de lideranças que funcionem bem, e não super-heróis. Como imaginar – numa organização de varejo – que vou ter 300 super-homens? Não tenho como pagar os altos salários para isso, nem tenho capacidade de atração; nenhum varejo tem... JR – Para ajudar a entender, seriam 300 líderes para quantos funcioná- rios, no total? MARCOS –Cercade3.600 funcionários. JR – Então, 10% da equipe seriam líderes. CÉLIA – Quero colocar outra questão, que pode ser paradoxal. Temos jovens bem preparados, que – às vezes – passam um ano ou mais vivendo fora do Brasil, participando dos convênios que temos com as universidades estrangeiras. Apesar de um bom porcentual desses jovens ir para as melhores empresas, temos ainda boa parte com dificuldades para se colocar. Talvez esteja faltando um “decodificador”, porque o jovem se sente frustrado por ter trabalhado, estudado, viajado para fora, ter estudado inglês, espanhol, japonês – temos um grupo na ESPM que estuda mandarim – e não consegue se colocar. Ele vai de um processo seletivo ao outro e não encontra sua oportunidade. O que está faltando? JR – E ouvimos, ainda, que falta gente... MARCOS – É preciso ver se a per- gunta cabe no caso de jovens que se candidatam aos programas de trainees . Um programa desses, nas nossas empresas, resulta em 10 a 30 mil candidatos para 20 vagas. É dez vezes mais difícil do que entrar na mais desejada faculdade, como medicina, por exemplo. A entrada pela porta do trainee , no Brasil, não é uma entrada normal: é o caminho do príncipe – e nem todo mundo é príncipe... PAULO – Você diz uma coisa certa: um programa de trainee tem muito mais candidatos do que o número de posições. Isso porque a maioria procura organizações grandes, de renome, que lhe dêem condições de crescimento e projeção. Mas é claro que não há lugar para todos nessas organizações, mesmo para os que têm talentos. Então, se o caminho direto não é possível, é preciso traçar um caminho alternativo. Há muitas empresas menores, que são boas,
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