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Globalização financeira 32 R E V I S T A D A E S P M – JULHO / AGOSTO DE 2008 queda significativa de preços. A “bolha” estourou! O estopim para esse desequilíbrio no mercado foi a taxa de juros americana, que outrora ajudara. Por quê? Em decorrência do forte crescimento econômico observado, puxado pelo aumento de produtividade, o FED passou a promover uma política monetária muito mais conservadora, fazendo com que os investidores, para se pro- presta dinheiro para a construtora, ele faz uma securitização do empréstimo emitindo títulos, que, quase sempre, são lastreados nos recebíveis dessas empresas. Osinvestidores,porseuturno,escolhemo grauderiscoquedesejamassumirefazem suasofertasporessestítulos.Eéjustamente neste ponto que gostaria de abordar outro aspecto importante. A globalização financeira ampliou o repertório de sofisticados produtos e instrumentos financeiros, os chamados derivativos, em que se negociam não os ativos diretamente, mas sim contratos vinculados a esses ativos. Além dos já tradicionais (opções, termos e swaps), ressurgem os CDOs (Collateralized Debt Obligation) e nascem os SIVs (Structured Investment Vehicle), espécies de empre- sas criadas por bancos e alguns hedge funds, para atuar no mercado de crédito. Possuem a vantagem de ficarem fora da exposição patrimonial dos balanços, não comprometendoosrígidosparâmetrospara alavancagem. De maneira simplificada, esses“veículos”funcionamcomobancos, que tomamdinheiro a curto prazo a juros baixos(pormeiodeumCDB,porexemplo) e emprestamesses recursos, via aquisição de um título de longo prazo a juros supe- riores, lucrando a diferença. Em minha Imagem: Alex Shriver tegerem da elevação das taxas, pas- sassem a demandar remunerações maiores, paraprazosmais longos.As taxas dejuroscaminhamconsistentementepara mais de 5% a.a., atingindo em cheio os financiamentos de hipotecas, tornando-os (agora) bem mais caros. Para agravar o quadro, o comprador de um imóvel nos EstadosUnidospodefazerusodetaxaspré oupós-fixadas.Muitosescolheramoúltimo tipo. Como suas prestações foram sendo reajustadas para cima, alguns mutuários interromperam o pagamento de suas dívidas, pois suas rendas, emtermos reais, caíram, uma vez que o poder de compra dasociedadeéminadopeloforteaumento doscombustíveisedosserviços;cria-seum círculovicioso:Ainadimplênciacrescente implica emimóveis retomados, que serão colocadosàvenda,queimplicaempreços ladeiraabaixo(gráfico4),resultandonuma sensaçãodeempobrecimento (pelaperda depatrimônio),oqueabalaaconfiançado consumidor (gráfico 5). O resultado será famílias consumindomenos, o que tende a levar a economiapara a recessão. Diante do quadro nebuloso, algumas empresas do real state faliram, o que prejudicou a economia norte-americana como um todo. Quando um banco em- 32 R E V I S T A D A E S P M – JULHO / AGOSTO DE 2008

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