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Entrevista 40 R E V I S T A D A E S P M – JULHO / AGOSTO DE 2008 mos conta do grau de excitação mental aqueocérebroestásubmetido; por isso, depois do trabalho a pessoa chega em casaetemdetomarmeiolitrodeuísque, porque acha que assim vai relaxar, e aí começaograveproblemadoalcoolismo nas empresas... ou vai descontar nas drogas, ouentra emdepressão. Issovem a propósitoda sua questão. Do jeitoque a coisa anda, não há condições nem para o ser humano nem para as outras espécies,incluindo“Gaia”,agrandemãe generosa que nos dá ar, água, alimento, a beleza desse planeta... ninguém vai conseguir sobreviver nessa situação que nós criamos. A Dra. Elza Pádua tem um livro brilhante, onde descreve com clareza como é que se dá o processo do ponto de vista da sociedade. Chama-se “Esquizofrenia Social”. É brilhante e, quando você termina de ler, fica bem claro que esse fenômeno é de difícil percepção, tanto mais quanto as em- presas tenham absorvido uma cultura donarcisismoque leva todosà loucura... e isso é uma cultura que começa no âmbitoindividual,nospequenosgrupos, na família.Talvezacorporaçãoseja fruto dessa cultura narcisista desenfreada e, caso tenha eleito um dono para ser in- censado (o acionista), elegeu-se umpai, uma figura de autoridade, em nome do qual devotaremos nosso sangue, nossa alma, entregaremos todos os nossos valores, em troca de gordos bônus ou, muitas vezes, nem mesmo isso, mas apenasdapossibilidadedesobrevivência no mercado de trabalho. GRACIOSO – Em troca de quimeras... CHRISTINA – De quimeras. Acontece queaexacerbaçãodesseprocessolevou a humanidade a um divisor de águas: nãohácomocontinuarassim,nãosupor- taremos – nem nós, nem as outras es- pécies, os recursos naturais, tudo... Mas, “NÃO HÁ COMO CONTINUAR, NÃO SUPORTAREMOS – NEM NÓS, NEM AS OUTRAS ESPÉCIES.” campanha é http://www.just- a-minute. org/; lá tem um estudo muito profundo sobre o cérebro humano, aliás, muito a propósito da questão proposta pelo Sr., professor Gracioso, sobre o que está se passandocomocérebrohumano, nesta máquina de triturar chamada “mundo corporativo”. O que se descobriu é que uma das maneiras de minimizar esta crescente epidemia de depressão, esgo- tamento,estresse,pânico,ataquescardía- cos – a que estão sujeitos os executivos – é parar um pouco a cada 59 minutos. A cada 59 minutos toca, aqui no nosso escritório, uma musiquinha suave, que seria como um “minuto de silêncio”. Às vezes o funcionário está com um cliente ao telefone e, se o cliente já sabe da história, desligam imediatamente; se não dá, claro que não se interrompe a conversa dizendo: “preciso desligar, é o minuto de silêncio...”. Criamos um sistema em mp3 que nos permite tocar a música, automaticamente, a cada 59 minutos. Um estudo feito em Harvard prova que estamos acelerando nossa freqüência cerebral a tal ponto que não temos mais controle dela e não nos da-

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