Capa3.indd
Entrevista 48 R E V I S T A D A E S P M – JULHO / AGOSTO DE 2008 anos,àexceçãodaHazel,quejápensava nisso,nãohavianinguémcomessaidéia. Acho que a grande oportunidade que o jovem de hoje tem é olhar para dentro desi próprioepensar: quais sãoasnovas demandas? O que estou sentindo? Por exemplo, eu não tinha idéia do que significava trabalhar no Movimento da SimplicidadeVoluntária até me deparar comele,ocasiãoemqueconheci aVicki Robbin, articuladora desse movimento, que veio ao Brasil. Descobri que a re- muneração dela vem dos livros que ela escreve, do seu site, das entrevistas e palestras pormeio das quais dissemina um conhecimento novo, insistindo que nós não precisamos de tudo o que queremos e que – mais do que isso – não devemos precisar; podemos ter mais respeito, mais status social, mos- trando que não estamos submetidos a exigências e necessidades frívolas (por uma aparente contradição, “é um luxo ser simples”). Nunca imaginei que alguém pudesse estar se dedicando a isso, é uma dedicação profissional. JRWP – Há até revistas especializadas sobre o assunto... CHRISTINA – Essas coisas geram uma série de subprodutos. Quando eu poderia imaginar que um jovem de Heliópolis chamaria seus amigos – que estão sendo tragados pelo tráfico – para dizer: “a nossa comu- nidade não pode simplesmente se tornar um inferno para nós, crianças e jovens; vamos fazer uma revista mostrando tudo o que tem de bom aqui, mostrando o que a nossa juventude está pensando, e vamos ganhar dinheiro com essa revista”. Pois isso foi feito, a revista existe. Um dos nossos vídeos estará, no início de setembro, com o depoimento do dono dessa revista. Quando imagi- naríamos que nasceria um Instituto Acatur, graças a um homem – Hélio Mata – que iniciou uma reflexão sobre o que é experiência da cons- ciência no mundo do consumo? O que poderíamos dizer aos jovens é: “Ouça mais profundamente o seu coração, observe o que as pessoas estão sentindo, veja o que, de fato, está faltando...”. Por exemplo, hoje todo mundo reclama dos serviços que algumas corporações oferecem de forma terceirizada; investem mi- lhões e milhões, por exemplo, para nos convencer a comprar um pacote de telefonia, sendo que, depois, quando precisamos ser atendidos pelo suporte técnico, descobrimos que, ele é completamente ineficaz. Eis aí mais uma oportunidade para que se crie dentro das corporações uma ala de investimento, pois isso exige capacidade de comunicação, tecnológica, e, sobretudo,menos ime- diatismo. Não é nem um conselho, mas o pedido que faço a todos os jovens é que eles ouçama si mesmos, “90% DOS INTERNAMENTOS DE CRIANÇAS SÃO MOTIVADOS POR INFECÇÕES PELA ÁGUA CONTAMINADA.”
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx