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Fátima Motta busca frenética pela mensagem, pelo toque do celular, garantindo a possibi- lidade da não-resposta, mas com uma sensaçãopermanentede conexão, sem importar coma qualidade da conexão, mas sim com a quantidade. Portanto, os laços dos relacionamentos podem ser frágeis e superficiais, facilmente desconectáveis,mas tambémmúltiplos epassíveis demudanças rápidas, desde que não satisfaçam o prazer imediato. O ISOLAMENTO DA CONEXÃO Esse mundo de tecnologia avançada traz outro dilema aos líderes, nas em- presas IX: verdadeiros malabarismos precisam ser feitos para que, em vão, as pessoas fiquemfocadas unicamente no trabalho. Isso já é absolutamente impossível, seja em função de toda gama de programas que conectam tudo a todos, seja os celulares com toda sorte de conexões. Ou seja, é uma conexão com tudo e com nada ao mesmo tempo. É o tudo superficial e o nada profundo, com conseqüente queda na qualidade do aqui e agora. É estar em uma reunião pensando no toque não atendido do celular, talvez o cliente − aquele de quem depen- dem os resultados, − a mensagem de algum conhecido chamando para um programa oupara uma balada, oupara um simples café, mas que não pode ficar sem resposta. Por outro lado, é o e-mail enviado para você, mas com cópia para dezenas de pessoas cujo assunto não interessa, mas interessa sua imagem denegrida, no conflito velado. A conexão é de dia e de noite. Não há mais o tempo de descanso, uma vez que esses aparelhos ficam grudados aos cintos, bolsas e pastas e exigem O trabalho em equipe, por sua vez, pressupõe abertura e confiança. Como confiar em quem é estimulado a competir? Como cooperar sem foco e sem comunicação direta? Como colaborar se não é claro o benefício? Qual a vantagem? Ð Stockphotos seus feitos isolados e competitivos e não à equipe. O trabalho em equipe, por sua vez, pressupõe abertura e confiança. Como confiar em quem é estimulado a competir? Como cooperar sem foco e sem comunicação direta? Como colaborar se não é claro o benefício? Qual a vantagem? Essas perguntas ficam por vezes sem resposta e a solidão vai tomando conta das re- lações nas empresas e na sociedade, que se distrai nos chats e nas diversas telas que enquadramnossa sociedade pós-moderna, num falso sentimento de proximidade. E assim, como diz Bauman 2 , “Quando a qualidade o decepciona, você procura a salvação na quantidade. Quando a duração não está disponível, é a rapidez da mudança que pode redimi-lo.” Quanto mais gente, melhor. Network é o que garante o pertencer, mas o pertencer superficial e descartável. A voltados a seus interesses individuais. O ambiente, por sua vez, compõe-se de instituições com laços fracos, seja porque as pessoas são descartadas pelas empresas, seja porque as des- cartam, de tal forma, que os vínculos mais duradouros são mais difíceis de serem constituídos. TRABALHO EM EQUIPE... E A COMPETIÇÃO? Essa tormenta piora quando o líder é cada vez mais conscientizado sobre a necessidade do trabalho em equipe. É imperiosa, uma vez que, face ao volume de informações, à competitividade, ao excesso de problemas a serem resolvidos, à ne- cessidade de novas soluções, sabe- se que só com uma força coletiva consegue-se sobreviver a todos esses desafios. Na nossa sociedade, o isolamento conduz ao insucesso. No entanto, mais uma vez a contradição é denunciada nas empresas quando a maior parte dos prêmios, bônus etc. são dados aos indivíduos, por
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