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Sociedade pós-moderna 56 R E V I S T A D A E S P M – JULHO / AGOSTO DE 2008 uma resposta imediata e os olhos, de alguma forma viciados, não perdem nunca a possibilidade desse contato. A conexão com tantas coisas faz com que, o foco se perca e essa dispersão se evidencia na atuação dos profissionais, que, por vezes, não ouvem e não se ouvem, vivendo em mundos isolados conectados. Conecta-se fora e não se conecta como interno, seja esse interno as pessoas que fazem parte da mesma equipe, seja com o próprio interior de cada um, com suas forças e fraquezas, possibilidades, disponibilidades, von- tade e escolha. Sendo assim, as pessoas acabamnãoseolhandoe, portanto, não olhando as outras e as qualidades de outrolado,sentemimensadificuldadeem olharparaseusliderados,acompanhá-los e, sobretudo, dar feedback. E AINDA... FEEDBACK E QUALIDADE DE VIDA Vale a pena, nesse momento, relem- brar um dos exercícios de feedback que aplico quando ministro progra- mas de liderança. Nesse exercício os participantes ficam frente a frente para dar e receber feedback e a dificuldade se inicia pelo olhar para o outro. É uma situação desconfortável para a maioria dos participantes, e acredito que para cada um de nós também seria, porque não é usual olharmos para outro ser humano e de fato en- xergarmos umoutro ser que, tal como nós, temdúvidas emedos, ansiedades Desenvolver essas atitudes e com- portamentos nos atuais líderes não é nada fácil, dado o foco no resultado e as inúmeras competências que são necessárias para a multifuncionali- dade. exigida nos nossos dias. Sendo assim, as pessoas acabam não se olhando e, portanto, não olhando as outras e as qualidades de caráter que ligam os seres humanos acabam sendo corrompidas, uma a uma, gerando um imenso vazio e, não raramente, che- gando a doenças físicas e emocionais. caráterque ligamos sereshumanos acabamsendocorrompidas, umaa uma, gerando um imenso vazio e, não raramente, chegando a doenças físicas e emocionais. Entendo que caráter, como define Sennet 3 , são “os traços pessoais que damos valor em nós mesmos, e pelos quais buscamos que os outros nos valorizem”. Com a falta de um olhar interno, as pessoas acabam por não se reconhecerem, a ficarem na de- pendência do olhar do outro que nunca vem e que, quando vem, traz a necessidade da competência externa e não um reconhecimento da real competência do ser. Assim, trazendo para a realidade prática, os líderes apresentam, por vezes, grandes dificuldades de se reconhecerem como líderes,preferindosuasatribuiçõesopera- cionais,maisfáceis,maisconfortáveis.Por Google Images Orlandeli

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