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Para onde vamos? 85 JULHO / AGOSTO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M “EIS A AMPLITUDE DO NOSSO DEBATE: ONDE FICAMOS NESTE MUNDO EM CRISE?” “a competição traz à tona o melhor dos produtos e o pior das pessoas”. Alguém contou-me que o Jorge Paulo Lemann convenceu o Conselho da Inbev, na Bélgica, a comprar a Bud- weiser por 42 bilhões de dólares, literalmente com o argumento de que : “meus amigos, quem não for o primeiro nesse jogo vai se ferrar”. Eu também diria, nesta ótica, que, cada vez mais, a distância entre o primeiro e os demais tende a aumentar. Não é mais possível ter condescendên- cia, até mesmo conosco; temos ser cada vez mais cruéis, mais obstina- dos porque, senão, acabam nos engolindo. Eis a amplitude do nosso debate de hoje: onde ficamos neste mundo em crise? JRWP − Acabo de pensar uma coisa incrível: o Lemann tem um ano a mais do que eu e − em 1961 − eu estava em Genebra onde estagiava num banco suíço. O Jorge também estava lá e ia todos os dias jogar tênis. Foi o campeão suíço... LUIZ − É melhor jogar tênis ou com- parecer ao seu trabalho? JRWP − Pois é, vamos ver aonde isso nos leva. Hoje, as estratégias de marketing não conseguem mais provocar grande mudança no mar- ket-share ; depende-se cada vez mais da alavancagem financeira, de fusões, aquisições, da capaci- dade de reduzir custos através de inovações tecnológicas e logísticas. Como ficam os velhos conceitos de marketing neste novo panorama? Qual passará a ser o papel das mar- cas? Essas são algumas das questões que estão na pauta: um prato cheio. Gostaria de pedir à Silvia para dar início ao nosso debate. SILVIA − Do ponto de vista finan- ceiro, penso que a globalização é o principal fator para se entender esse contexto: hoje temos um capi- tal chinês aplicado numa empresa americana, que, por sua vez, aplica no Brasil. JRWP − E quem recebe o capital não tem a menor idéia que ele veio da China... SILVIA − E não existe uma vincu- lação de valores dessa transação com a história, com a cultura da em- presa, nem muito menos com o seu respectivo país. A questão da globalização justifica esse capital que entra com um objetivo muito claro: o resulta- do. E resultado a curto prazo. Mas o planejamento estratégico ainda tem de levar em conta o crescimento sustentável das empresas. A busca da sustentabilidade − de que tanto se fala hoje em dia − é uma oportu- nidade de negócios a ser explorada pelo marketing e pela comunicação. As empresas deveriam assumir que está havendo mudança de men- talidade, de paradigmas. Tenho de tratar bem meus funcionários, meus clientes, o meio ambiente, meu local de trabalho. São princípios e valores que, caso cultivados, convertem-se, sim, em resultados, já que implicam em menor desperdício de matéria- prima, uma busca por processos produtivos mais adequados. Só que, na prática, os executivos vivem angustiados: na vida útil, a durabili- dade nas empresas é cada vez mais curta porque o foco é o resultado imediato. JONI − Na visão financeira, marke- ting é poesia ou resultado? Ð

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