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Para onde vamos? 87 JULHO / AGOSTO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M Ð o profissional enquanto indivíduo. O que me preocupa, hoje, é a falta de vocação profissional dos profissio- nais. Antigamente, você entrava para a medicina porque queria ser um bom médico, salvar vidas; entrava para a engenharia porque queria construir coisas; para a agronomia porque se identificava com isso... Hoje, o estudante não pensa assim; ele quer saber onde ganhar mais dinheiro e rápido − perdeu o foco na vocação. Hoje todos dizem: você viu? o Eike Batista ganhou tantos milhões! Eu também gostaria de ganhar, Mas... e a vocação? Será que era isso que ele gostaria? Todos os grandes cientistas, intelectuais, literatos, tinham uma vocação, que desenvolviam ao máximo por meio da qual, eventualmente, destaca- vam-se. Ivo Pitangui, por exemplo, é um sujeito fabuloso, riquíssimo, em função da sua vocação. Ainda hoje ele dedica um dia por semana à Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, onde atende a população carente que necessita de cirurgia plástica corretiva. Esta é a sua vo- cação e, através dela, Ivo Pitangui se tornou o que é. Considero este o grande diferencial. GRACIOSO –Você fala de valores, e os valores sociais mudaram, não só no Brasil, mas no mundo inteiro... JRWP −Ouço dos nossos professores que os alunos da ESPM têm grande habilidade para desenvolver busi- ness plans . Hoje em dia, o jovem, aqui na Escola, não desconhece a questão do retorno sobre o inves- timento. Mas eu vejo um paradoxo numa questão que tem a ver com o branding . O que surgiu primeiro, o ovo ou a galinha? O que confere valor à marca? Qual seria a marca mais valiosa do mundo de hoje? Já foi a Coca-Cola, Malboro, hoje, está mais para Wal-Mart, Google. Mas nós aprendemos, de alguma forma, que o que confere valor à marca é a sua história, que se constrói através do tempo. Essa ganância, essa ânsia pelos resultados, não deixa de ser uma inversão. Buscando a todo custo colher resultados depressa, corre-se o risco de matar a galinha dos ovos de ouro. AMATUCCI − Eu venho pesquisando a indústria automobilística há dois anos, desde quando a GM estava em primeiro. É evidente que a estratégia da Toyota jamais foi de curto prazo. O carro da Toyota desbanca o da GM porque é melhor e mais barato, mas, para chegar neste produtomelhor

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