Revista da ESPM JUL-AGO_2009

Glória Moraes e Fernando Padovani julho / agosto de 2009 – R e v i s t a d a E S P M 105 chamada “ponta do con- sumo” costumava repre- sentar a segunda imagem da poesia de alguns eco- nomistas e o último momento de uma cadeia de relações sociais e produtivas. Costumava! Pois, com os novos conceitos de “pós-venda” e “fidelização”, essa relação começa a se perpetuar para além do ato da venda. Se há vida depois da venda, da mesma maneira, mas na direção oposta, essa cadeia produtiva está se tornando mais longa e complexa, passando a se distribuir ao longo das latitudes do planeta, localizando em diferentes e distantes pontos suas etapas prévias de agregação de valor. Isto faz com que essas cadeias produtivas sejam expostas a uma multiplicidade de novas variáveis, sejam de ordem ins- titucional (como direito e regimes internacionais) ou política (disputas estratégicas). Coincidência ou não, como lembra Susan Strange (1994) 1 , depois de ampliar os limites de poder dos mercados, do crescimento econômico e da riqueza, também os padrões de consumo se ampliaram de forma global, fazendo com que os direitos dos consumidores passassem a ocupar lugar de destaque. Eles inauguram um novo campo de negociação social no mundo contemporâneo. Na economia do pós-guerra, as variáveis da cadeia de valor se acomodavam dentro do espaço econômico protegido das economias nacionais e, quando se expandiam, o faziam sob a tutela dos Estados nacionais. Na virada do século XXI, a chama- da economia globalizada, numa mudança qualitativa, consolida internacionais o R e l a ç õ e s de c o n s um e relações a î } As cadeias produtivas se revelam tão alongadas, tão globais, que o momento de consumo acaba relacionando-se com dimensões e variáveis inesperadas. ~

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