Revista da ESPM JUL-AGO_2009

Mesa- redonda R e v i s t a d a E S P M – julho / agosto de 2009 118 } Houve gente que viu naquilo propaganda política, e da pior espécie... ~ convencional, mas complica se pensarmos em termos de internet, blogs etc. e tal. SÉRGIO REIS – O que identifica a publicidade comercial é a assinatura de quem responde pela mensagem. Quando se entra num blog particular ou de jornalista, num release etc., aí eu já não posso conceituar publici- dade. Vocês, da Escola, vão ter de inventar outro nome. GRACIOSO – Na verdade isso cria um problema não só para o Código de Defesa do Consumidor, mas para os próprios publicitários, perplexos diante de problemas como um blog – que é propaganda e entretanto não consta como tal. JRWP – Há mais de 20 anos, escrevi um artigo para a Revista Propagan- da , em que afirmava que a propa- ganda era, possivelmente, a forma de comunicação mais honesta que existia – porque, naquele momento, pelo menos, um anúncio era um anúncio, e uma campanha era uma campanha. Então eu argumentava que é bem pior um jornalista que venda sua opinião ou escreva um editorial dissimulado, do que um anúncio perfeitamente transparente e assinado pelo anunciante. SÉRGIO REIS – Pelo qual a empresa responde. JRWP – Este é um detalhe im- portante. MARCELO – Essa discussão, na ver- dade, caminha para acirrar as con- tradições a que o professor Gracioso aludiu. Eu estava num debate, por twitter, sobre propaganda X relações públicas e ninguém conseguiu me conceituar o que são, por exemplo, esses comentários, em blog, da Pe- trobras. Ali se expõem as perguntas dos jornalistas – e houve gente que viu naquilo propaganda política, e da pior espécie... JRWP – É como se o anunciante es- tivesse criando um veículo. Quando esta Escola foi fundada, há quase 60 anos, o mercado de propaganda era claramente constituído por 3 seg- mentos: os anunciantes, os veículos de comunicação e as agências. VIDAL – Essa informação jorna- lística com intuito comercial é o que se chama tecnicamente de “publicidade clandestina”. É como provocar matéria jornalística sobre um produto farmacêutico, do qual não se pode fazer publicidade aber- ta, e colocar... JRWP – ...na capa de uma revista de interesse geral, por exemplo, com o título chamativo de NOVAS DROGAS MILAGROSAS. RENATO – A questão é se estamos falando de um problema jurídico ou de grupos que querem mudar con- ceitos jurídicos. Estes seriam maus profissionais que, contudo, têm habilidade suficiente para dar a uma peça de publicidade, de marketing, um jeito jornalístico. Querem tal respaldo porque o jornalista é, em tese, mais acreditado do que o mar-

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