Revista da ESPM JUL-AGO_2009

} Apresentamos uma boneca linda, grávida, com vestidinho... ~ î } Seu apelo para reunir os homens de bom senso do país não dará certo. ~ JRWP – Algo como o mundo da moda? SYNÉSIO – Mas nós trabalhamos calados, sem barulho, cada um volta para casa e faz o seu dever de casa. E tem funcionado bem. GRACIOSO – Há uma espécie de Código, de conjunto de normas, que a indústria de brinquedos segue? SYNÉSIO – Na reunião que tive- mos semana passada, liguei para o Conar para fazer uma colinha, já que um dos temas da pauta era a Segurança da Publicidade Infantil. Quando apresentei o modelo bra- sileiro, eles bateram palmas, não para mim, mas para o Conar, que toma iniciativas como se deve tomar numa sociedade livre. Faço questão de dizer aqui que, no ramo dos brinquedos, o Estado não con- fia em nós, empresários, que não confiamos no Estado; eu finjo que confio e ele finge que acredita, ele finge que confia e eu finjo que acredito – e com isso vamos vivendo. Houve um momento em que precisei garantir a qualidade e a segurança, elaborando normas de segurança de fabricação de brinquedos. Isso quem nos ensinou foi um homem de marketing, não um marqueteiro, que na época nos alertou: “este brinquedo precisa estar garantido para uso com abuso, mais do que 100 vezes de maneira imprevisível”. Um carrinho para carregar um garoto de seis meses ou doze quilos, mas se montar um de 50 ele vai aguentar. Esses cuidados até hoje persistem. Nos últimos 62 anos, desde que nossa indústria começou, nunca tivemos um caso de recall. A garantia do bom fun- cionamento são os testes em vários ambientes – desde laboratório até ambiente de stresse – para ver se vai aguentar mesmo o tranco nas mãos das crianças. Só então o brinquedo recebe certificado e número de rastreamento, para sabermos se ele vai dar problema ou não. Professor Gracioso, o seu apelo para reunir os homens de bom senso do país não dará certo. E não dará porque nós somos arrogantes, em geral. Na hora em que for conversar com um advogado, com um juiz, com um deputado então, Deus me livre. Você conversa comigo, um econo- mista e fabricante de brinquedos, e vai encontrar dificuldades. Posso calçar as sandálias da humildade quando estou sentado no gabinete da Fundação ABRINQ cuidando de 300 mil crianças sem dinheiro do Governo, aí sou humilde e bonzi- nho. No mundo dos negócios não tem conversa, eu vou derrubar a pessoa do iogurte, quero tombar o cara do celular, estou brigando pelo orçamento da minha família, A propaganda e o marketing conseguirão sobreviver a esse fogo cerrado? julho / agosto de 2009 – R e v i s t a d a E S P M 121

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx