Revista da ESPM JUL-AGO_2009

Mesa- redonda R e v i s t a d a E S P M – julho / agosto de 2009 126 } Vamos ensarilhar as armas e tentar entender o ponto de vista um do outro. ~ “quem é que vai nos proteger dos nossos protetores”? VIDAL – Há uma expressão de Mon- tesquieu que levo muito em conta: “o ser humano só para quando encontra limite”. Eu sou a favor do Estado forte, iniciativa privada forte, sociedade forte. Não serve um regime socialista, totali- tário, comonão servemos capitalismos sem nenhum tipo de controle. MARCELO – A noção de consumo que tivemos ao longo do Século XX está es- barrandonumlimite.Começaasedifun- dirpelasociedadeaconsciênciadequea atual forma de consumo poderá garantir a vida dos que estão aqui nesta mesa, mas levará à destruição os nossos filhos. GRACIOSO –Marcelo, cuidado coma transposiçãodeconceitosuniversaispara a nossa realidade. MARCELO –Euparticipei dadiscussão daRevistaanterior.Oplanetanãosuporta seis bilhões de pessoas vivendo com o padrão de consumo que temos no Hemisfério Norte. GRACIOSO – No Brasil, pelo menos, quem menos cuida de sustentabili- dade ambiental é o Governo, quem menos fala de ética nas relações, res- peito ao consumidor ou ao cidadão é o Governo. A IATA –Organização Inter- nacional deTransportes Aéreos acaba de divulgar um dado tenebroso: entre 142 grandes aeroportos analisados no mundo só havia dois brasileiros, Viracopos eGaleão. Estamos em135 o e 137 o lugares. SÉRGIO REIS – Como em tudo. GRACIOSO – Somos os piores do mundo em serviços prestados pelo poder público, que não respeita o cidadão. Será que não estamos cons- truindo uma quimera, uma dicotomia, onde a iniciativa privada é cobrada, mas quem deve é o Estado? Acredito que vamos ter mudanças em relação aos padrões de consumo e também que será cada vez mais cobrada essa concepção de propaganda baseada num modelo de sociedade de con- sumo, não sustentável. Mesmo que o Estado não cumpra a sua parte. SÉRGIO REIS – É bom que a cobrança aumente. Eu tenho saudades dos anti- gos líderes na área de propaganda. Es- tão fazendo falta.Temdehaver respeito ao nosso trabalho de comunicação e compromisso com a verdade. Estamos num tempo em que se vê um grande financista dar um golpe e quebrar várias empresas. O problema não é só a competência técnica, é o valor, o compromissomoral. Perdoem-me,mas é um negócio velho, que veio do meu avô, veio dos nossos pais, é problema de caráter. Falamos e nosso produto imediatamente vai para o ar. Se eu não limitá-lo antes, como vou correr atrás e coibir o desastre que já foi feito? MARCELO –Umcódigode ética é su- ficiente para domar o espírito animal? SÉRGIO REIS – Não devemos pensar que tudo é branco ou preto. Necessita- mos docódigode ética para nos cobrar mutuamente,mostrarmos internamente que “você não agiu direito quando fez aquilo”. E precisamos de entidades públicas que também tomem iniciati- vas – a convivência das duas coisas. E

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