Revista da ESPM JUL-AGO_2009

Entrevista R e v i s t a d a E S P M – julho / agosto de 2009 18 têm, efetivamente, essa missão, e os representantes políticos – depu- tados, senadores, representantes políticos eleitos – têm a própria Justiça Eleitoral... JRWP – As campanhas eleito- rais usam os instrumentos da publicidade. GILBERTO – Na noite em que o Conar celebrava seus 25 anos, tivemos a oportunidade de con- vidar os partidos políticos e ofe- recer a expertise do Conar para que a classe política elaborasse o seu próprio código de autorre- gulamentação, uma Ética para a Propaganda Eleitoral. JRWP – Propuseram a quem? GILBERTO – Propusemos isso publicamente. Temos a nosso cré- dito ter oferecido a possibilidade de auxiliá-los na elaboração de códigos de autodisciplina para a propaganda eleitoral. JRWP – Qual foi a repercussão? GILBERTO – Pequena, pois o assunto só surge em época de campanhas eleitorais... GRACIOSO – Não é verdade. Hoje, há propaganda de cunho político praticamente o ano todo, em todos os horários. JRWP –Os horários gratuitos, ago- ra, são quase que permanentes. GILBERTO – A repercussão des- sa comunicação, agora, não se iguala à repercussão da propa- ganda eleitoral em época de elei- ções, todas as noites. Na época das eleições é que os abusos costumam ser cometidos e a Jus- tiça Eleitoral exerce fiscalização sobre esse conteúdo. Mas nós queríamos que os próprios polí- ticos estabelecessem suas regras; não era para o Conar legislar sobre propaganda eleitoral – o que seria um abuso – mas eles praticarem a autodisciplina. GRACIOSO – Como todos nós, você deve acompanhar a preocu- pação das empresas em mostrar que tem responsabilidade social. Muitas delas são sinceras, acredi- tam no que dizem e mostram-se dispostas a aceitar compromissos. Você concorda, Gilberto, que o nosso código procura monitorar a obediência às leis e aos costu- mes sem se preocupar com o que chamamos hoje de responsabili- dade social; você acredita que a propaganda faria bem em tomar a iniciativa e avançar nesta área? GILBERTO – Em diferentes pas- sagens, o código já alude à res- ponsabilidade social e à susten- tabilidade. O que é importante ter em vista é que esta evolução – que é notória hoje, no mundo inteiro – também contribuiu para mais exacerbação; e uma militância muito aguerrida, por parte de instituições diversas que passam a fazer exigências que tornam a atividade publici- tária cada vez mais difícil de ser exercida. Claro que a ética deve acompanhar a evolução social – mas há um gap entre o razoável, o possível para a indústria e para o mercado, e as exigências que se apresentam todos os dias na voz dos militantes. Outro aspecto que nós, do Conar, levamos em consideração é que essas coisas devem ser apresen- tadas ao consumidor não como verdades absolutas porque é perigoso que alguma marca ou anunciante se aproprie desse sta- tus do verde, do sustentável, do ecologicamente correto. Se isso for exigido de cada anunciante, a afirmação é muito perigosa e de difícil demonstração. JRWP – Ou pode levar até a uma certa hipocrisia. GILBERTO – O que acabaria por desmerecer o esforço da socie- dade de caminhar para um mer- cado mais responsável, e com produtos que ofereçam melhor resposta a esse legítimo direito } Um viés de cunho ideológico, [talvez para] controlar a receita dos veículos. ~ } O IV Congresso aproximou dos publici- tários os jornalistas, publishers e proprietá- rios dos meios de comunicação. ~

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