Revista da ESPM JUL-AGO_2009

Marleine Paula Marcondes e Ferreira de Toledo julho / agosto de 2009 – R e v i s t a d a E S P M 39 Mutatis mutandis , nossa sociedade (sobretudo jovens e crianças) tambémé piumaal vento aosabor dapropaganda. Deixa-se induzir pela imposição de ali- mentos, bebida, drogas, fumo, roupas, jogos, brinquedos. As entidades de de- fesadoconsumidornuncaestiveramtão ativas como agora, atacando os desvios de conduta provocados pela propagan- da patrocinada pelas grandes empresas de produtos de consumo e pelas que exploram a ingenuidade infantil. Antipropaganda versus propaganda, dois discursos persuasórios antagôni- cos. Quando se trata de propaganda enganosa, estãoemjogoos interessesda sociedade, que temdireitode defender- se, por meio do controle e da coerção. Neste sentido, o CONAR (Conselho de Autorregulamentação Publicitária), está aí com o dever de impedir que a publicidade falseadora ou abusiva cause constrangimentos a consumi- dores ou empresas. importantes, cultos, soberbos e, a seu modo, idealistas. Hanna é analfabeta, feia, sem idealismo nenhum; serve ao regime com fidelidade canina por uma noção distorcida do dever. Era seu trabalho e ela devia executá-lo bem: entrara na SS porque havia vagas; transportara prisioneiras para extermínio porque era seu serviço; mantivera mulheres sob sua guarda trancafiadas dentro de uma igreja em chamas porque, se abrisse a porta, elas poderiam fugir. Para ela a propaganda nazista não divulgava e enaltecia uma ideia, mas um emprego... O discurso de Os Sertões , de Euclides da Cunha, cujo centenário de morte se comemora neste ano, é também uma denúncia do poder persuasório da propaganda. A imprensa, inclusive Euclides, bradou em uníssono que os jagunços de Antônio Conselheiro eram anti-republicanos e que era preciso salvar a República. Resultado: foram exterminados pelo exército. Depois, verificou-se que, na verdade, configuravam uma sociedade atrasa- da, vítima do isolamento geográfico e cultural, que, por mimetismo, seguiu um “iluminado”, que lhe galvanizou o interesse. Euclides da Cunha converteu-se aos jagunços.Tornou-se seupropagandista e vingador. Encontrou, na sociedade sertaneja, os frutos da persuasão e do mimetismo e descobriu como extirpá- los: tirar os sertanejos do atraso cultural e levá-los, pela instrução, ao desenvol- vimento. Na esteira de Ernest Renan 3 , que lamentava a inexistência de um ensino público eficaz para combater a superstição na Roma antiga de Marco Aurélio, reivindica para os sertanejos um herói anônimo: o mestre-escola 4 . A instrução conscientiza. A compra no transtorno do comprar compulsivo é antecedida de um desejo incontrolável de felicidade. A essa onda boa se seguem em geral a culpa e o remorso por mais um fracasso frente à compulsão de comprar. s î John Foxx

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