Revista da ESPM JUL-AGO_2009

Entrevista R e v i s t a d a E S P M – julho / agosto de 2009 52 em relação à comunicação das suas marcas. Diria que o pro- cesso interno hoje é muito mais maduro; existem diversos fóruns de discussão onde se avalia o con t eú do , de sde o p r ime i r o momento até a produção do co- mercial. E quando o comercial vai ao ar, todos os pontos foram pinçados e repensados. Estou no marketing da companhia há bastante tempo e coisas que eram feitas no passado, hoje são, impensáveis; como as tartarugas animadas, de 10 anos atrás. Isso hoje não seria utilizado, mesmo que, no CONAR, não existissem restrições bem claras. Gracioso – Efeito da autor- regulamentação. Lisboa – A autorregulamenta- ção não é a regulamentação só do CONAR. É a empresa partici- pando desse processo, evoluindo junto, entendendo como o seu produto deve ser comunicado ao consumidor. Ivan – É a mais “auto” de todas: significa responsabilidade social . Lisboa – Isso para mim é matu- ridade, é responsabilidade social, é evolução. Hoje me questiono por que preciso de outra lei, se o CONAR brasileiro já é o que é. O que rege a categoria de cerveja no Brasil já é o compilado do que há de melhor nos mais diversos países do mundo. O que pode ser melhor do que isso? Ivan – Quando do primeiro có- digo de autorregulamentação – a primeira versão é de 1978 / 1979 – já havia um anexo sobre bebidas alcoólicas. A primeira lei sobre o assunto é bem posterior. Alexandre – E o Código tem uma celeridade de reforma que acompanha a sociedade. Nos últimos 10 anos, ele já foi refor- mado duas vezes e sempre evo- luindo junto com a sociedade. Gracioso – Vocês estão pre- sentes em países importantes. Além da Venezuela diretamen- te – sem falar da InBev – vocês estão no Canadá, Argentina, Colômbia, Chile. Como é a si- tuação em todos esses países? Lisboa – São situações distintas, mas na maioria similares às do Brasil. Existem casos críticos, como o da Venezue l a , onde não é possível comunicar nada sobre a categoria, só dentro do ponto de venda. Existem casos como o da França, onde também não se pode comunicar, que é um caso similar; o mercado europeu vive uma dificuldade maior, pelo grau de maturidade, de continuar crescendo a taxas significativas. Há casos como o da Rússia, que é um país que tem uma relação mais difícil com o álcool, especialmente vodca. E a cerveja acabou tendo um papel importante, pois atraiu muitos consumi dor es que beb i am a vodca com teor alcoólico alto, superior a 40%, contra a cerveja que é de 5 ou 6%. Mas, mesmo assim, a comunicação ainda sofre restrições sérias. Não se pode ter pessoas no comercial, nenhum tipo de estímulo adicio- nal para consumo... Ivan – Qualquer bebida alcoólica? Lisboa – Se não me engano, vodca tem restrições ainda mais sérias. Cerveja pode comunicar em horários preestabelecidos e com restrições de conteúdo mais drásticas do que as daqui. Al exandre – O que pode funcionar é uma combinação de educação e f i sca l i zação . Estamos vendo, com a Lei de Tolerância Zero, no Brasil, um pouco dessa experiência. Mas, funciona em todos os lugares do mundo onde há fiscalização e educação. Pode-se utilizar a comunicação para fazer cam- panhas, como a que está no ar, da Brahma, com o Capitão da Seleção Brasileira dizendo para consumi r r esponsave lmen t e : “se não tiver juízo, não tome Brahma”. Esse tipo de canal de comunicação deve ser mantido. Lisboa – Isso iniciou por volta de 2001/2002, quando começa- mos a dialogar com a OMS, a } Por que preciso de outra lei, se temos o CONAR? ~ } Skol é a maior marca de cerveja em todo o mundo. ~

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