Revista da ESPM JUL-AGO_2009

Gisela G. S. Castro e Maria Aparecida Baccega julho / agosto de 2009 – R e v i s t a d a E S P M 69 A campanha prevê mobilizar grandes empresas anunciantes para a apoiarem emsuacomunicação, institucional ede marketing.Ouseja, clientes sãoentendi- dos tambémcomoagentes responsáveis pelas mudanças urgentes. A mensagem do painel da Havas em CannesaosprofissionaisdePropaganda foi clara e direta: “É nisso que vocês devemfocar seu talento, suaenergia: na manutençãodaraçahumana.Oplaneta pode até sobreviver, mas nós não. Eu gosto de humanos. Nós somos legais. Então, é preciso que você se pergunte ‘o que eu posso fazer’. Seja dono dessa ideia”. Talvez dramática demais, mas tudo bem. De qualquer forma, publici- tários também são vistos como agentes responsáveis pelas mudanças urgentes. O Brasil lançou e está conduzindo um formato novo para nosso Relatório de DesenvolvimentoHumano2009/2010, produzido pelo PNUD, Programa das NaçõesUnidas para oDesenvolvimen- to: elepartedavisãoda sociedade sobre “O que precisa mudar no Brasil para a sua vidamelhorar de verdade”.Mais de meiomilhão de brasileiras e brasileiros, de todas as classes sociais e de todos os cantos do país, deram sua visão sobre suas vidas, sonhos e ambições. Assim, o Relatório será o primeiro no mundo a ter alma, cor, som, cheiro, verdade sensível, além do necessário rigor técnico e estatístico. Foi feita uma conclamação a todos da- rem seu ponto de vista para termos um país melhor, e justo. Assim foi definido, pela sociedade, o temadestenovoRela- tório:ValoresdeVida. Educação, Saúde, Segurança apareceram como temas vitais, mas aos quais falta a inspiração de valores humanos verdadeiros para serem resolvidos. A Comunicação foi fundamental para informar e mobilizar o povo. Agências de comunicação, seus profissionais e veículos engajaram-se voluntariamente no projeto, em especial a Rede Globo deTelevisão, a MTV e a revista Época . Não foi à toa que o IV Congresso Brasi- leirodePublicidade, emjunhode2008, dedicou uma Comissão técnica e espe- cífica, coordenada pelo CNP – Con- selho Nacional de Propaganda, sobre “A Responsabilidade Socioambiental da Indústria da Propaganda – O que a nossa indústria tem a contribuir para as transformações por que o mundo e a sociedade passam?” Nas conclusões dessa Comissão re- comendamos que as agências e os profissionaisdepropaganda façammais do que apenas bonitas e comoventes campanhas sociais voluntárias para as ONGs, causas e movimentos. Essas campanhas de informação, sensibili- zação, conscientização e mobilização são importantes, mas não são tudo para as verdadeiras mudanças urgentes. A Comissão do IV Congresso recomen- dou que as agências e os publicitários passem a fomentar uma cultura de consumo consciente e responsável em seus públicos. Que incentivem os con- sumidores-cidadãos a adotar atitudes, práticas e comportamentos pautados por uma cultura de vida, de paz e de respeitoaomeioambienteeaosdireitos humanos universais. A Comissão do IV Congresso também recomendou que nossa indústria cons- trua consciência e valores sólidos na sociedade, principalmente nas futuras gerações. Que criemos uma cultura totalmente nova de respeito e equida- de, voltada para a valorização do ser humano e seus direitos. Uma cultura que valorize mais O QUE EU SOU do que OQUE EUTENHO. Essas recomendações fazemsentido no mundodehoje, assimcomo fez sentido o mercado se ligar na nova linguagem da revolucionária televisão, na inovação dos meios eletrônicos interativos, em tudo que sempre surgiu como evolu- ção no mundo. É exatamente disto que todos nós, profissionais de Propaganda, vivemos ao longo de nossas carreiras: antecipamos e criamos tendências, inventamos o futuro. Nossomaior ativopessoal eprofissional é o talento e a técnica que alcançam, sensibilizam, persuadem, mobilizam milhões de pessoas, em massa, escala. Nosso ofício gera conhecimento, abre perspectivas, forja valores, cria padrões de vida. Provocamos mudanças nas pessoas. Estimulamos novas crenças e atitudes, novos comportamentos. Po- deremos ser também agentes decisivos de mudanças urgentes. E os jovens de hoje? O que eles trazem orgânica e naturalmente para serem competitivos no mercado de trabalho? Estána caraqueomercadoexigemuito mais talento humano, além da aptidão e da competência técnica. Tomara que esses jovens de hoje tenham no seu DNA o dom de serem agentes das mu- danças urgentes, já que eles vivem sob a pressão da consciência ética e moral, da responsabilidade para com a vida. Há muito mais em jogo do que apenas o futuro do negócio e do ofício da Pro- paganda, avidaprofissional, acarreirae o sucesso desses jovens de hoje. Percival Caropreso Fundador da Setor 2 ½ e conselheiro da ESPM. ES PM Jason Reed

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx