Revista da ESPM JUL-AGO_2009

Adriano Maluf Amui julho / agosto de 2009 – R e v i s t a d a E S P M 89 retendo falar sobre a publi- cidade voltada ao público infantil. É claro que usar de nostalgia é uma estra- tégia perigosa. A memória nos trai, fazendo parecer que o passado era melhor, mais idílico, tudo no seu devido lugar, combinado. Que as coisas não eram como um jogo de fu- tebol, imprevisível,mas comoumjogo de final de campeonato combinado, com juiz comprado. Emse tratando de publicidade, é como se antes houvesse certa cumplicidade envolvendo desde a criação de uma peça de comunica- ção até a leitura final por uma pessoa de carne e osso. Falo disso lembrando-me de anúncios de cigarros, feitos há mais de 50 anos, com personagens do incrível mundo de Marlboro e com a utilização de bebês, que elogiavam a sofisticação e o bom gosto do papai ou da mamãe por fumar este ou aquele bastonete de tabaco e outros carcinogênicos da Marlboro. Ou então um breve comer- cial em P&B da primeira temporada dos Flintstones, que foi patrocinado pela empresa de cigarros Winston. Anúncios impensáveis nos dias de hoje, quando, diante da óbvia noção do mal que o cigarro faz, combinar comunicação e indústria de tabaco virou um desafio de criatividade. Atualmente, há a consciência de que alguns produtos oferecem um ‘algo’, mas a certo preço. Isso vale para a bebida, para remédios, alimentos que engordamou que contêm substâncias tóxicas ou transgênicos, produtos fabricados com mão de obra que trabalha emcondições subumanas ou que, emseu processo, acabam agredindo biomas ou afetando o meio ambiente pelo uso desordenado de recursos naturais – o que é mal visto em tempos de ‘sustentabilidade como prática corrente’. As ondas de fiscalização da publicidade por parte de entidades civis e públicas sinalizam o desdobrar de um movimento que começou hámuito tempo, que é o debate em torno do consumo consciente/racional ou sustentável. É um debate antigo. A origem do termo sustentabilidade , tal como se discute hoje, remonta a 1987, quando, como resultado do Relatório de Brun- dtland, convencionou-se chamar de sustentabilidade a forma pela qual a humanidade poderia “suprir as necessidades da geração presente semafetar a capacidade das gerações futuras de suprir as suas”. A preocupação à época, tal como acontece hoje, era o uso desordenado de recursos naturais numa proporção superior a que os sistemas naturais teriam condições de repor, colocando o planeta num claro déficit de recursos naturais. É nesse contexto que surge, também, a importância da reciclagem. } Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus (...) Gn. 3,7. ~ Há mais de 50 anos, os anúncios de cigarros utilizavam personagens como o cowboy do in- crível mundo de Marlboro e bebês, que elogia- vam a sofisticação e o bom gosto do papai ou da mamãe por fumar. s p î Divulgação

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