Revista da ESPM Julho-Agosto_2010

julho / agosto de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 101 } Conseguir uma mídia positiva é difícil, fazemos coisas bem legais e, às vezes, é mais fácil conseguir espaço no exterior. ~ ção do Estado começaram com a adulteração de alimentos, onde os produtores rurais colocavam água em leite e glicose em mel. Com isso você começa a ter fiscalização, normas, multas e mecanismos públicos que vão gerar e permitir que esse mercado funcione. Então, o quão eficiente é isso perante a reputação que o consumidor per- cebe? Porque você tem um Estado presente, que teria mais eficiência por ser “imparcial”. Do outro lado há uma literatura acadêmica, de marketing, que trabalha a questão da marca, da diferenciação, de se investir mais em propaganda onde a empresa conseguiria absorver ganhos f uturos pela recompra de seus produtos por meio dessa diferenciação, ou seja, “ela confia nessa marca, não vou adulterar”. A ideia do estudo é que eles são substitutos ou complementares, ou seja, só o Estado ou só a iniciativa privada poderia estar presente na geração de reputação. Eles são complementares, a existência e a eficiência dos dois nessa geração de reputação aumentaria muito mais. O resultado mostrou que em uma percepção de baixa qualidade, em um escândalo, por exemplo, a atuação pública seria mais eficien- te na geração de reputação. E se há um mercado onde as pessoas con- fiam mais, a estratégia é privada. Quando olhamos o universo do mercado, temos ações conjuntas entre o setor público e o privado. Agora, olhando internamente a estrutura de governança, entendo que talvez os dois já sejam um pouco mais diferentes, porque o público está sujeito à licitação, à questão do concurso, à estabili- dade e outras normas que não se aplicam em uma empresa privada. Nesse aspecto talvez, não sei se seria mais eficaz compararmos o público com o público, e não com a iniciativa privada. GRACIOSO – Ou então compa- rarmos a nossa realidade pública e política para ficarmos no viés político com a de outros países. Não sei quantos funcionários tem o Senado Americano ou Francês, o que sei é que o nosso Senado tem mais de 10 mil funcionários diretos e indiretos para servir 86 senadores. É algo tão chocante que mostra problemas de princípios, porque não é reduzindo em 5% ou 10% o número de funcionários que vai resolver. A questão é: por que se permite que 86 senadores tenham, cada um deles, 120 fun- cionários ao seu dispor e usados, principalmente, para garantir a próxima reeleição? Creio que isso é parte da representação política defeituosa que infelizmente ainda temos no Brasil. DIEGO – A iniciativa privada atua no processo legislativo e, muitas vezes, ela cria esses empecilhos dessa falta de consenso. Dando um exemplo claro, estamos trabalhan- do agora com um projeto de lei que vai reestruturar o sistema de defe- sa da concorrência e o Brasil é um dos poucos países que têm uma análise posterior em um processo de compra de empresa, de fusão.

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