Revista da ESPM Julho-Agosto_2010
julho / agosto de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 107 } A tecnologia de gestão que existe no Brasil é exportada para os países latino-americanos e para os países africanos, então poderíamos valorizar mais essa iniciativa. ~ GRACIOSO – Diego, não estou bisbilhotando, quero entender mel hor a mot ivação dos bons profissionais que estão no serviço público como você. A exemplo de seu currículo, o que os motiva e até quando realmente eles conseguem aguentar aquela pressão que nós sabemos que existe? DIEGO – Por algum tempo. Há um projeto a ser cumprido. Mas é uma pressão muito grande abrir mão de uma vida em São Paulo para viver em Brasília... MÁRIO RENÉ – O que você chama de pressão muito grande, já que, na iniciativa privada, com certeza, a pressão é maior? DIEGO – Eu não acho. No setor público, lidamos com coisas mui- to grandes e o salário é menor. Brasília é uma cidade um pouco inóspita, um deserto, não se cria laços, eles estão em outro lugar. Precisa-se estar sempre atento porque há muita desconfiança do bom funcionário, mesmo queren- do fazer tudo certo. Por exemplo, quero contratar um bom perito técnico, vem alguém e diz: “Olha, tem de ver se não vão achar que você direcionou a contratação”. DENILDE – Você não é avaliado apenas porque fez certo ou errado, ou se foi competente ou não em sua função, como ocorre na área privada. Vai ser avaliado se a sua medida atingir outro político que tem algum interesse ou se, para fazer alguma coisa, teve de nego- ciar com outro setor que não era exatamente o que você queria. En- tão, os dois mundos têm pressões, não sei quem é mais ou menos, mas são pressões diferentes que acabam impedindo a pessoa que é competente de ser competente. Trabalhei por pouco tempo no serviço público e ainda tenho vá- rios amigos lá e todos comentam: “Algumas vezes quero fazer, sei que poderia fazer, mas não faço porque isso vai atingir alguma questão política que não está em minhas mãos”. É outra visão. Há muitos problemas que acabam impedindo o bom desempenho dos bons funcionários. DIEGO – Mas é fácil a gente fa- lar da CVM, da SDE, do Banco Cent ra l, porque, com cer teza, conseguem atrair profissionais para ter essa experiência. O que me preocupa são os setores como Segurança Pública, Transporte, Saúde. Quem são esses profis- sionais? Ele é um Secretário de Segurança Pública, mas o que isso vai acrescentar na carreira dele? Como ele vai ser visto? O que ele pode ser depois disso? Para onde vai? Existem diversos setores que são um beco sem saída ou que são extremamente ideológicos. É com essas pessoas que me preocupo. GRACIOSO – Outro dia, estava ouv indo uma entrev ista com o Secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo que falava sobre a queda na taxa de homi- cídios e notei transparência em
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