Revista da ESPM Julho-Agosto_2010

julho / agosto de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 109 } Ultrapassamos a questão da efi- ciência, estamos indo até na razão de ser da organização pública e da administração privada. ~ la mostra que tempo de casa, em geral, é positivo – as pessoas com mais tempo de casa, com mais vi- vência aqui dentro produzemmais. Aquilo que chamamos de “esta- bilidade” não é tão ruim assim e em muitas empresas particulares não existe oficialmente a estabi- lidade, mas ela existe na prática. Um certo número de pessoas são estáveis e sem elas talvez o negócio não andaria tão bem. O problema é que no serviço público os que mais buscam a estabilidade são justamente os menos produtivos. EDUARDO – Ult rapassamos a questão da eficiência, estamos indo até na razão de ser da organi- zação pública e da administração privada. São estruturas diferentes. Se pensarmos uma organização, ela é uma estrutura de governança de incentivo e de monitoramento, só que os incentivos públicos são diferentes dos privados. O que talvez seja interessante incluir nessa discussão é se o salário é um motivador eficiente e se essa transparência é um controle efi- ciente, como foi dito. DENILDE – Concordo com você no sentido de que são dois mun- dos tão distintos nesse aspecto da gestão, que compará-los, algumas vezes, se torna problemático, mas a experiência internacional é que a transparência é um ponto impor- tante. Sei como vou ser cobrado, e sei também que vou ser cobrado mais do que a estabilidade ou instabilidade no emprego. É isso que motiva o funcionário a atender bem no serviço público. Ele sabe que vai ter algum tipo de controle. Há um fator que quero destacar sobre o que o Mário falou da im- prensa. Na verdade, o que exerce essa capacidade de transparência são as organizações do terceiro setor que acabam sendo uma boa ferramenta de gestão, porque o trabalho que o setor público tem com essas instituições também acaba influindo no monitoramen- to, nas políticas, na vontade de mudar, de implementar políticas e acho que valeria outra discussão que é sobre essa relação entre o Terceiro Setor e o Setor Público. ALEXANDRE – O Estado e as empresas são mundos diferentes. Quando se ouve, por exemplo, o Professor Falconi, ele participou de quase todos esses processos nos Estados, não só em Minas Gerais, mas no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco, e diz que as pessoas são muito parecidas, seja nas empresas ou no governo. Se ninguém cobra ou bonifica, elas entram numa zona de conforto e os ambientes tendem à entropia, ao marasmo, à falta de vontade de fazer acontecer. Quando se cobra resultados e premia os melhores, o ambiente muda. Achar que o governo vai funcionar igual a uma empresa é uma bobagem. São de fato organismos diferentes. Não se pode fazer demissões em massa no Estado, cada vez que houver uma queda de arrecadação, como se faz na empresa privada, mas tratar as pessoas como se trata numa empre- sa, se ela trabalha numa estatal ou numa autarquia, é uma coisa que tem dado resultados. GRACIOSO – E é possível?

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