Revista da ESPM Julho-Agosto_2010

R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2010 110 } A iniciativa privada não é um modelo, é uma máquina de moer carne. Se pegarmos aqueles executivos típicos em ponte aérea ou viajando de avião que não desgrudam do notebook e trabalham 24 horas por dia também não são um modelo de vida. ~ ALEXANDRE – É possível. Isso está acontecendo, tem pelo menos nove Estados adotando políticas desse tipo. Ao menos 10 municí- pios estão ligados ao projeto de um organismo que se chama Mo- vimento Brasil Competitivo, que é parceiro do Falconi. Penso que esse é o começo de um processo grande de mudança, e a mudança de atitude mais importante é a iniciativa privada, cansada talvez de olhar para problemas gigantes e acha r que não tem solução, está começando a pensar de uma maneira mais produtiva, que é “como a gente consegue empurrar o atraso para trás?” Aquela pes- soa do cafezinho que ganha R$ 7 mil vai continuar ganhando esse dinheiro por muito tempo, vamos continuar tendo 10 mil pessoas trabalhando no Senado, a reforma fiscal vai demorar para acontecer. Mas conseguimos empurrar esse entulho administrativo para um canto menor e criar áreas de ex- celência que vão se multiplicando porque os políticos querem ser eleitos ou os secretários querem ter um orçamento mais confortá- vel para investir. Há uma mudan- ça importante em curso e que vai dar frutos. MÁRIO RENÉ – Ou que vai gerar uma antinomia. Duas pessoas me vêm à cabeça, em relação ao que você está falando, para gerar uma antítese e uma confusão – como qualquer assunto polêmico. Uma é Fernando Collor de Mello, que foi eleito em novembro de 1989 como o “Caçador de Marajás”. A população brasileira o elegeu só por causa disso – e porque era bonito, simpático e jovem. Mas também porque tinha acabado com es sa c u lt u ra de pes soa s ganhando fábulas de dinheiro em Alagoas. Isso faz 21 anos e todos conhecem sua história. E uma pessoa anterior a ele que também não vingou, apesar de ser brilhante, o Helio Beltrão, que foi Ministro da Desburocratização, acho que no Governo Geisel, em que ele tinha como meta tornar o serviço público mais racional e funcionando de uma forma mais eficiente e ele não deu certo, quer dizer, “forças ocultas” do Janio fizeram com que ele se tornasse uma impessoa orwelliana. Acho que temos problemas maiores. Eu realmente torço para que esse seja um começo e não apenas uma exceção, mas acho que a herança que temos das Capitanias Heredi- tárias e toda uma cultura lusófo- na, luso-espanhola, que está mui- to enraizada de dar benefícios, é uma coisa que vai demorar muito tempo ainda para sumir. Não sei que fórmulas podem ser adotadas. Sempre pergunto por que essas pessoas que deram certo não são copiadas por mais gente.

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