Revista da ESPM Julho-Agosto_2010
julho / agosto de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 127 bemoupara omal, o amálgama público e privado sempre ocorreu, fosse esta equação voltada para umaminoria tantopúblicaquantoprivada, oucom um sentido amplo, regido pelo domínio da justiça e da democracia. Dessaforma,alémdasemprenecessáriarevisãode leis e de sistemas regulatórios e fiscais, o que rege todooprocessoéonível dodiálogo, da inteligência e da sensatez de lideranças, ao colocarem a causa do país, da região, do município, acima do parti- cular; seja este particular as disputas pelos votos e carreiras dentrodas instituições públicas, ou a ob- tenção de lucros e de facilidades operacionais não meritórias, peloângulodoempreendedorprivado. Avigilânciahonesta e íntegra e aprofundidadedo conhecimento científico e dos seus processos, em cada matéria, é o que precisa ser orquestrado no composto da liderança e governança dos movi- mentos, acordos e projetos integradores. Recentemente a Polícia Federal desmontou uma cadeia de autoridades envolvidas com o negócio ilegal damadeiranoEstadodoMatoGrosso. Essa rede legalizavamadeira, e os acusados operavam em todos os níveis, desde engenheiros florestais atéoex-secretáriodaSecretariadeMeioAmbiente doEstado, o chefedogabinete civil dogovernador e outras “autoridades” estaduais. O tamanho do “roubo” foi calculadoemtornodeR$3bilhões. Por outro lado, a sociedade civil organizada, na forma de associações e entidades, como a APROSOJA (Associação dos Produtores de Milho e Soja), informa, nos seus estudos, que são necessários cerca de R$ 6 bilhões para melhorar, significati- vamente, a logística, aarmazenagemeaestrutura doEstado, permitindosaídasda safraparaoNorte eNordeste; o que significa dizer: hoje émais caro colocar a safra do Brasil Central e Centro-Oeste nosportosdoSudeste, doquemandar doportode Santos, por exemplo, até a China. Nesse exemplo nefasto, o que mais uma vez se demonstra é que naausênciade liderançaegovernançaéticae rigor devigilância, podemosestar almoçando, jantando e confraternizando com os reais adversários do desenvolvimento. Sãoagentes dos setores público eprivado, jáexistentes, perfeitamentee legalmente empossados e com poderes legítimos, mas que se perdem pelas tentações ilegais, descumprindo suas missões. Metade do recurso necessário para melhorar consideravelmente a infraestrutura do agronegócio daquele Estado foi para o “ralo”, ou melhor, para contas pessoais, apenas nessa inves- tigação da Polícia Federal. O resultado é o risco estratégico do país, num setor onde o Estado do MatoGrosso, isoladamente, representaquase10% de todaa sojaproduzidanomundo, alémdo sofri- mentohumano.Comestradas ruins, esburacadas, os acidentes se multiplicam, e o custo ambiental, econômicoesocial é incalculável. Pessoasmorrem nos acidentes, e muitos produtores rurais, que não conseguem obter índices de produtividade a níveis olímpicos, são alijados do mercado e de suas propriedades, pois o custo da logística os inviabiliza, nos momentos das baixas nos preços internacionais das commodities . Omercado global do agri- business é calculado em cerca de US$ 13 trilhões. Quase um PIB do tama- nho dos Estados Unidos. Os próprios números fa- lam por si.
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