Revista da ESPM Julho-Agosto_2010

julho / agosto de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 129 A situação dos portos brasileiros e a infraestrutura, da mesma forma, é carente de um diálogo e de uma vigilância forte dos agentes de toda a cadeia do agronegócio. Portos e ministérios e secre- tarias de infraestrutura costumam ser alvo de leilões de interesses de divisão do poder e dos acordos políticos-eleitorais. Ao invés de essas governanças atuarem a favor do agronegócio, servem para as mesquinharias das facções político-partidárias. Disso decorre o óbvio: incompetência, na melhor das boas intenções, e péssimo destino do recurso escasso. Mas, e além disso? Na metagestão público- privada? Quando olharmos, então, para o novo? Os portos privados, as estradas, os alcooldutos, as autorregulamentações de cada setor, para produtos orgânicos que sejammesmo orgânicos; para uma nova marinha mercante; a solução dos sistemas integrados rodo-ferroviário-fluvial; e para as regulamentações do meio ambiente e da sustentabilidade – que sejam, acima de tudo, sensatas e inteligentes para o bem brasileiro, mais do que para microegos à busca de sentido de vida... Bem, para isso precisaremos de revisão de leis, sistemas tributários, fiscalização, técnicos, especialistas e uma nova gestão. Para tal neces- sitaremos de novas lideranças. A começar pela própria cadeiadoagronegócio.Oprimeirodiálogo e aprimeira aliançadentroe entreos próprios elos do antes, dentro e pós-porteira. Quando falamos de meio ambiente, por exemplo, olhamos apenas para o agricultor. Fácil, não? Porém, o que é cau- sado para o meio ambiente e a responsabilidade social, por tudooque ocorre comamatéria-prima saída do campo, transportada pelos caminhões, por milhares de caminhoneiros sofridos, pelo processamentoemindústrias, levadaspornavios e consumidas por cidadãos, cujo esgoto ainda corre a céu aberto e vai para os rios dasmesmas cidades onde uma vaca de umpecuarista, a 20 kmabaixo no leito desse mesmo rio não pode beber da sua água; é umgigantescouniversododesconhecido, para podermos iniciar um bom e ético projeto público e privado na causa do agronegócio. O lado saudável do que já existe no agronegócio brasileiro, onde o ser- viço público interage com o privado e a riqueza socioeconômica cresce, é prova de que o público e o privado são o inevitável caminho do agrone- gócio: Embrapa, IAC, IRGAe todas as instituições de pesquisa em diversos Estados e regiões do país. A educação de instituições como ESALQ, Viçosa, e demais universidades ao longo do Brasil. O cooperativismo que trans- cendeu o tempo e superou obstáculos, viabilizando os desafios e novas fron- teiras brasileiras. Empreendedores privados que construíram e mantêm suas empresas em lutas permanentes comos obstáculosdas incertezas, como Celso Izar do Grupo Maity, pioneiro com açúcar e álcool noMaranhão, emilhares de nobres exemplos de sucesso. Atrás de todos eles, iremos sempre constatar o êxito de políticas pú- blicas associadas aomelhor do setor privado, para pequenos, médios e grandes empreendimentos. A única coisa, cuja ausência é fator crítico de sucesso chama-se: consciência da liderança e da gestão ética, com fortes convicções de vigilância e sabedoria; seja de qual lado for, na inevitável sociedade ou parceria pública e privada. E, do ponto de vista de marketing, vale um toque educacional: administrar com a consciência de termos as mentes humanas no centro do negócio. Seres humanos, cada vezmais holísticos e cada vez menos apenas “consumidores”. Nesse sentido, já passoudahoradeosetordoagronegócioiniciarum diálogoforteetransparentecomasociedadeurbana. Acomunicação é uma ponte sustentável. Administraroagronegócio coma consciência do ser humano no centro desse comércioéacancelapara um diálogo forte e trans- parentecomasociedade, onde a comunicação é uma ponte sustentável. ES PM JOSE LUIZ TEJON Coordenador do Núcleo de Estudos de Agronego- cio da ESPM co-autor do livro Marketing & Agrone- gócio – a nova gestão, o diálogo com a sociedade, (Editora Pearson).

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