Revista da ESPM Julho-Agosto_2010
julho / agosto de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 23 } Hoje temos governadores e prefeitos que são como executivos de empresas: querem resultado, sabem que o resultado vai dar voto e que o povo reconhece. ~ V i c e n t e F a l c o n i últimas posições nos resultados do (Enem) Exame Nacional do Ensino Médio. Hoje, Pernambuco subiu muito na escala e está entre os dez primeiros. GRACIOSO – A introdução de metas qualitativas, por exemplo, alunos que concluem com êxito um determinado grau de curso e assim por diante, é nova no setor público. Lembro ainda do tempo em que os administradores se referiam ao que faziam da seguin- te forma: “Na saúde, investimos R$ 100 milhões; na educação, R$ 200 mi lhões”. O valor invest ido era o parâmetro do trabalho feito e não é mais assim, certo? FALCONI – E nem deveria ser. A verda- deira responsabilidade do administrador não está em aplicar dinheiro aqui ou ali, está em entregar resultados, porque o que precisamos é de estudantes cada vez mais qualificados. Sob esse ponto de vista, essas notas do Enem, do (IDEB) Índice de Desen- volvimento da Educação Básica – que são dadas aos alunos, procurando medir o nível de conhecimento ou o nível de aquisição do conhecimento – é o que realmente interessa. No final das contas, isso, por si só, já é uma revolução na educação. O mesmo ocorre com a questão da segurança. Não adianta dizer: “Comprei tantas viaturas e construí tantos presídios”. Isso não é segurança. Segurança é medida por indicadores de criminalidade por 100 mil habitantes, o que interessa é reduzir esses indicadores. Eles podem cair independentemente de se comprar viaturas, só pela presença do policial ou por outra medida que tenha sido tomada. GRACIOSO – Sua filosofia de trabalho enfatiza a motivação do ser humano e a capacidade de superação que as pes- soas têm. Essas premissas continuam válidas no setor público? FALCONI – A g rande d i ferença é que trabalhamos com método, atribuindo res- ponsabilidade para as pessoas e mostrando a cada um a sua autoridade. As pessoas ficam motivadas porque percebem a sua responsabilidade, não porque eu vou lá e tento motivá-las e fazer com que as coisas fiquem “boazinhas”. Não existe nenhum programa de motivação. O que existe é um programa normal de trabalho, no qual cada um tem sua meta, seu plano de ação e suas responsabilidades definidas. O ser humano da área pública é igualzinho ao ser humano da área privada. Ele se motiva com as mesmas coisas. Desde que você faça um trabalho de gestão tornando claras as metas, aquilo que deve ser feito, as pes- soas ficam muito entusiasmadas e fazem as coisas benfeitas. E digo mais: temos programas de Estados e municípios que são até melhores do que prog ramas de certas empresas. Há empresa abarrotada de gente resistente, cheia de agendas pró- prias, interesses próprios. O ser humano tem seu lado bom e ruim tanto no setor público quanto no privado. Agora, nosso ponto central é o trabalho com metas e método, no qual cada um tem sua meta e seu plano de ação. HIRAN – Em seu livro recém-lançado, O Verdadeiro Poder , o senhor aborda a questão do método e procura dife- renciar o que chama de “método de
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