Revista da ESPM Julho-Agosto_2010
R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2010 26 ENTREVISTA gerenciais e da percepção por parte dos políticos de que métodos gerenciais geram recursos, dão votos, dão prestígio e é isso que o povo quer. E é isso que tem feito a mudança. GRACIOSO – Estudos mostram que entre as 500 maiores empresas brasi- leiras, a percentagem de remuneração variável é de 26% do total – isso há dois anos. Você tem algo comparável no setor público ou não há números disponíveis? FALCONI – Não tenho conhecimento... GRACIOSO – Não creio que chegue a 26%. FALCONI – No governo Aécio Neves – posso estar errando nos números não sei, porque são números que vi em jornal – mas parece-me que, só no ano passado, foram distribuídos R$ 200 milhões em bônus, não é pouco. Então você observa que se estão fazendo isso é porque é legal e é possível, a Lei permite. Outros Estados e prefeituras também já estão fazendo isso e, pouco a pouco, essas resistências vão sendo quebradas e as coisas começam a acontecer. O que está acontecendo no setor público nesta década aconteceu com as empresas na década passada. Estou muito otimista, porque o Brasil está numa rota boa. A gestão está na essência da sobrevi- vência humana que é a busca de melhoria, a busca de conhecimento. Essa é a direção certa da vida. GRAC IOSO – O fato de a car rei ra pública incluir básica ou necessa- riamente a estabilidade atrapalha, de alguma forma, a mer itocracia? Quando a pessoa é estável, quando a sua carreira é sacrossanta, por assim dizer, o Estado não consegue mexer muito com ela. Pode-se premiar, mas punir é mais difícil. Isto não mexe com o conceito da meritocracia? FALCONI – Olhe que coisa interessante. O ser humano reage a outros fatores e quando se pr iv ileg iam esses fatores, a reação é sempre positiva. Por exemplo, o ser humano gosta de trabalhar, ele gosta e precisa do trabalho, todos nós gostamos e precisamos. HIRAN – Gosta de ser reconhecido... FALCONI – Temos uma necessidade mui- to grande de trabalhar em conjunto com outras pessoas, somos gregários. GRACIOSO – Temos necessidade de receber apreciação de nossos pares. FALCONI – Reconhecimento. E, finalmente, gostamos de fazer aquilo que se gosta. No Estado, as pessoas têm as mesmas necessi- dades que nas empresas. O que vemos são pessoas entusiasmadas que, quando perce- bem do que se trata, embarcam com entu- siasmo naquilo, e os resultados aparecem; são bilhões e bilhões de reais que estão sendo economizados. A quantidade de recursos e riquezas que estão sendo gerados no Estado por esse esforço é imensa, estamos falando de dezenas de bilhões de reais. O entusiasmo é muito grande e essa estabilidade no em- prego não tem causado problema. } Esses métodos gerenciais são totalmente universais e podem ser utilizados em qualquer atividade humana, seja ela qual for – governo, empresa, igreja, hospital, escola. ~
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