Revista da ESPM Julho-Agosto_2010

R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2010 44 Assim nasceu a Companhia das Índias Oci- dentais, empresa de capital aberto, formada por judeus portugueses expulsos pela inquisição ibérica, recebidos em Amsterdam com suas fortunas e conhecimentos sobre novas terras. Expulsos novamente 20 anos depois, foram subindo oAtlântico, comprando e conquistando terras, até fundar a cidade deNova Amsterdam, mais tarde comprada pelos ingleses. Estes portugueses-judeus-holandeses estão honro- samente enterrados em Trinity Place, Lower Manhattan, Nova Iorque, hoje uma das mais pujantes metrópoles do planeta. A diferença entre esses dois formatos, umcolonizador e outro empresarial, re- sume uma significativa diferença entre os esforços de homens e seu empenho por gerar resultados em suas missões. As iniciativas da coroa portuguesa de- veriamproduzir riquezas para sustentar a corte, para que suas vidas não mu- dassem e se perpetuasse o alto padrão vivido por poucos. A corrupção dos administradores locais seria, portanto, bem aceita desde que mantido o fluxo das riquezas. Opensamento vigente era tirar o máximo o mais rápido possível. Nas colônias inglesas ou holandesas, o ritmo da exploração das terras, financiada por recursos privados, conduzia a umplanejamento de longo prazo, ou seja, como tirar o máximo pelo maior tempo possível. Para tanto, era preciso fixar a população, de modo a gerar produtores e consumidores e garantir infraestrutura, como portos e estradas. Essa noção de que a metrópole, o governo, a corte ou um ente externo nos governe formou o DNA de nossa jovem nação. A solução dos problemas não nos pertence, é responsabilida- de do mandatário do momento. E assim foram sendo construídas empresas com a aprovação e bênção do Estado. Se chovesse demais ou de menos, ou ocorresse qualquer tipo de con- tratempo, o governo teria o dever de socorrer estas empresas privilegiadas. Séculos mais tarde, constata-se que a situação mudou pouco ou nada em sua essência. Entre 1900 e 1940, grandes empresas foram formadas pelo Estado ou reguladas externamente por ele. A grande depressão que abalou o mundo entre 1929 e 1933 levou o governo a auxiliar os plantadores de café. Getúlio Vargas instituiu a legislação trabalhista e recebeu uma siderúr- gica de presente dos americanos, recompensa por sua adesão aos aliados na II Guerra. Nos anos 70, a produção doMilagre Econômico se deveu a uma forte intervenção do Estado na iniciativa privada, com a estatização de empre- sas privadas e a criação de um grande número de novas corporações, todas de capital público. O milagre também contou com massivos em- préstimos públicos para empresas privadas, a juros subsidiados, e favoreceu contratações de obras de infraestrutura em todo País. Nesses anos, a política assume um papel preponderante na vida nacional. O partido dominante se ocupa de destruir os vestígios de governos anteriores, para construir um legado somente seu, baseado emnovas formas Nas colônias inglesas ou holandesas, o ritmo da exploração das terras, financiada por recursos privados, conduzia a um planejamento de longo prazo, ou seja, como ti- rar o máximo pelo maior tempo possível. Para tanto, era preciso fixar a população, de modo a gerar produtores e consumidores e garan- tir infraestrutura, como portos e estradas. Photos.com

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