Revista da ESPM Julho-Agosto_2010
R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2010 52 } Preci samos focar a atenção da escola na aprendizagem do aluno e estabelecer políticas de pessoal que venham a signif icar um melhor desempenho dos alunos. ~ ENTREVISTA de covardia dos gestores públicos, porque existe um contraste com a greve – na época da inflação, especialmente, em que era difícil atender todas as reivindicações – eramais fácil, emvez de dar o au- mento salarial, concedermais dias de licença, mais dias de possibilidade de faltar, diminuir o tempo de aposentadoria, contar em dobro determinados benefícios etc. Essas coisas não têm um impacto imediato no custo e não beneficiam diretamente o professor, mas têmum impacto grande ao longo do tempo no custo da folha salarial. Então, se dá o paradoxo de que o Estado gasta muito e os profes- sores ganhampouco. Esta é uma questão histórica que temos de corrigir. GRACIOSO – No ensino público, de um modo geral, os professores não têm a re- muneração atrelada a umsistema qualquer de avaliação de desempenho. São Paulo está tentando resolver este problema, mas no Brasil, de ummodo geral, umprofessor não ganha mais ou menos, não é repreen- dido ou promovido, segundo os resultados que obtêm. PAULO RENATO – Essa é a realidade não só no Brasil,masemtodaaAméricaLatinaenosEstados Unidos, também.Nosetor públicosedesenvolveu uma ojeriza à remuneração diferenciada. OPresi- denteObama, no início do seu governo, citou isso emseuprimeirodiscurso: “Precisamos introduzir a remuneração variável”. Precisamos remunerar melhoroprofessor, tambémparaestimularaspes- soas mais qualificadas a ingressarem na carreira, masparaque isso tenha resultadonodesempenho dos alunos nãobasta simplesmentepagarmelhor. É preciso pagar melhor em função de determina- dos estímulos relacionados ao desempenho do professor, do seu aperfeiçoamento... LUIZ SALES – Como se faz nas empresas. PAULO RENATO – Exatamente. Obviamente que outras coisas devem ser feitas, como cuidar da qualidade do livro didático, das instalações físicas e dos equipamentos, colocar laboratórios de computadores nas escolas. Isso é a infraestrutura, é a base e, de alguma maneira, sempre se faz. São aspolíticas tradicionais. Precisamos focar aatenção da escola na aprendizagem do aluno e estabelecer políticas de pessoal – de remuneração e estímulo ao aperfeiçoamento dos professores – que venham a significar ummelhor desempenho dos alunos. GRACIOSO –Semcitaroensinouniversitário, os problemas que se discutem hoje estão mais relacionados ao ensino fundamental e médio.Masimaginandoquenãosejapossível resolver tudo de uma vez, o que você consi- dera prioritário: concentrar esforços, neste momento,nofundamentalounomédio,onde parece que os problemas sãomais graves? PAULO RENATO – É impossível fazer essa dife- renciaçãoenãoénemconveniente. Temosdeolhar o ensino básico no seu conjunto, considerando o fundamental e o médio. Os problemas são seme- lhantes, os desafios também. Os professores são os mesmos, as carreiras precisam ser as mesmas. Claro, é mais difícil lidar com o médio porque se tem uma população numa idade mais difícil. Toda adolescênciaéumaetapamais complicadadavida. GRACIOSO –Elesabandonammuitoaescola. PAULORENATO – E temo fato tambémde que o ensinomédio agora está chegando numsegmento novo da população. Em São Paulo, que é o Estado onde temosmaior abrangência no ensinomédio, a taxa líquida de atendimentode jovens entre 15 e 17
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx