Revista da ESPM Julho-Agosto_2010

julho / agosto de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 53 anos é de 70%. Os 30% restantes estão no ensino fundamental ou fora da escola. E os Estados que nos seguem – Minas Gerais, Santa Catarina e Rio GrandedoSul – têmapenas 58%, são12pontos de diferençaemrelaçãoaSãoPaulo.Maspelaprimeira vez na nossa história estamos trazendo para o en- sinomédioumsegmentodapopulaçãoque jamais passou na frente da escola. Isso também deve ser observado sob uma perspectiva histórica. GRACIOSO –Éumdesafio. Equepapel, nesse contexto, vocêdariaàescola técnicaparalela ao ensino profissionalizante? PAULO RENATO – Preferiria que terminássemos primeiro o fundamental para depois entrarmos no profissionalizante e no superior. O que estamos fazendo em São Paulo vai justamente na linha daquilo que deve ser feito. Não é por acaso que a equipe de governo de José Serra é a mesma que trabalhou comigonoMinistério. Eu vimpara a Se- cretaria há poucomais de umano, mas as políticas são as mesmas, as pessoas são as mesmas. E não é porquetrabalharamcomigo.Éporquetínhamosum sistema de gestão no Ministério da Educação que eramuitoparticipativoecolegiado,entãoseformou uma grande equipe com uma visão comum sob o quefazer.Equaissãoospontosessenciaisdapolítica de São Paulo? Em primeiro lugar, um currículo – definir claramente o que deve ser ensinado, como deve ser ensinado e emque sequência. LUIZ SALES – Isso já está funcionando? PAULO RENATO – Já. Antigamente, cada professor fazia o seu currículo. Agora, não. Nós temos oLivroDidático,mas, alémdisso, épreciso dizer: “Matemática, essa parte da disciplina você vai ensinar nesta sequência, com esses métodos e com esses exercícios para os alunos”. O que fizemos foi definir um currículo e produzir ma- térias para os professores de orientação e para os alunos, além de cadernos de exercícios. A cada dois meses mandamos novas técnicas. Criamos um Sistema de Ensino Público, como existe um no ensinoprivado –Positivo, Objetivo, Pitágoras, Anglo. Isso é uma invenção brasileira para suprir a deficiência na formação do professor. Estamos fazendo isso no setor público com um modelo criado por nós. Esse é o primeiro ponto. GRACIOSO – A partir desse currículo unifi- cadoépossível pensar emprovasunificadas de avaliação? PAULO RENATO – Sem dúvida. O currículo foi o elementounificador de todas as políticas doEstado e tevegrande resistência.Vocês lembramqueosin- dicatofoiqueimaresseslivrosdocurrículonapraça? Depois, adaptamos o sistema de avaliação que já havia no Estado. Asmodificações forambaseadas em dois critérios. O primeiro foi torná-lo compa- tível comas avaliações nacionais e internacionais, porque ele não era compatível pela metodologia. Hoje podemos comparar o desempenho dos alunos do Capão Redondo com uma escola da Finlândia, sem nenhum problema, porque tudo isso foi postodentrodeparâmetrosdeuma“régua internacional”, que é o que se chama de Escala de Proficiências dos Alunos. LUIZ SALES – Mas ninguém sabe disso... PAULO RENATO – É porque as pessoas fazem muita demagogia com a educação. Veja, agora, o candidatoAloizioMercadantecomeçouadizerque somoscontraaaprovaçãoautomática.Emprimeiro lugar,elenãosabeoqueéisso.E,emsegundolugar, o sistema de ProgressãoContinuada é ummétodo queseusanasescolasprivadas,quefoicriadoaquie usadopelaprimeiravezporPauloFreire,nogoverno doPT,daex-prefeitaLuizaErundina.DepoisoMa- rioCovas adotou. Isso é uma coisa suprapartidária. É um desrespeito a pessoa usar este argumento. Numa campanha eleitoral, é uma irresponsabili- dade fazer isso. Mas nós tratamos de fazer o nosso trabalho direito, independentemente das críticas. O fato é que definimos o currículo e daí definimos o sistema de avaliação unificado, que leva em con- sideração as expectativas dos alunos em relação ao currículo de desempenho dos alunos. Em função disso, fizemos o IDESP (Índice do Movimento Educação de São Paulo), que combina o resultado das avaliações baseadas no nosso currículo com as aprovações e repetências na escola. A partir daí, nós damos uma nota para a escola e fixamos um P a u l o R e n a t o S o u z a

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