Revista da ESPM Julho-Agosto_2010
julho / agosto de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 57 } Criamos um Sistema de Ensino Público, como o que existe no ensino privado – Positivo, Objetivo, Pitágoras, Anglo. ~ ES PM condições de empregabilidade do que o ensino superior. Mas o País está despertando para isso. O próprio Presidente Lula – que nos qua- tro primeiros anos abandonou completamente o ensino profissional – devolveu o empréstimo do BID, que tínhamos conseguido a duras penas para criar Escolas Técnicas. No segundo mandato, ele aparentemente teria despertado para isso, mas muito tarde. Acabou criando muitas escolas, que ainda hoje estão no pa- pel ou começando a construção. Uma escola não é apenas um prédio. O mais caro é o seu funcionamento. Então, ele está, na verdade, fazendo um programa para o futuro governo. É muito interessante o caso das universida- des públicas e das escolas técnicas. Além do problema do número pequeno de vagas, as escolas técnicas públicas, especialmente as federais, historicamente não se dedicaram ao ensino técnico profissionalizante e sim a oferecer um bom ensino médio mediante a seleção de alunos. Quantos jornalistas existem que fizeram escolas técnicas? Muitos, porque a escola técnica era gratuita, pública, de boa qualidade e com seleção de alunos. O pessoal selecionado era o mais intelectualmente avan- çado, porque as provas para ingressar eram acadêmicas. Os filhos de intelectuais, filhos de jornalistas, ingressavam nas escolas técnicas e seguiam carreiras da área de Humanas. Você ocupava uma vaga de escola técnica, e jovem que não entrasse aos 15 anos de idade e fosse aluno da escola pública, pobre, não tinha condições de ter um diploma técnico porque essa vaga estava ocupada por alguém que ia para a universidade, não ia para o mercado de trabalho. O grande desafio no ensino técnico é ser voltado para o mercado de trabalho. E isso só será feito de forma descentralizada em par- ceria com entidades locais de empregadores, que permitirá saber qual a real necessidade do mercado de trabalho. LUIZ SALES – E o SENAI - Serviço Na- cional de Aprendizagem Industrial? PAULO RENATO – O SENAI e o SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comer- cial. Eles cumprem um papel importante, mas dependem do Estado. Aqui em São Paulo, o SENAC funciona muito bem, mas em outros estados praticamente não existe. GRACIOSO – Para encerrar, como você enxerga o futuro da educação no Brasil? Está otimista? PAULO RENATO – Claro, sou otimista, por- que vejo que o rumo está sendo corrigido. Não só em São Paulo. Existe uma crescente consciência nacional sobre a importância de uma educação de qualidade para o País. Mes- mo não sendo educador, milito na educação há 26 anos, em várias posições – Secretário de São Paulo, Reitor, Ministro – e pude ob- servar ao longo desse período uma mudança na consciência da sociedade brasileira sobre a importância da educação no meio empresarial, entre as lideranças. E é essa consciência que tem impulsionado as mudanças. Tenho muita confiança no futuro, porque vejo que o nosso transatlântico está se movendo. A educação não deixa de ser um transatlântico. GRACIOSO – O início é sempre mais difícil. PAULO RENATO – Você vira o leme e verá a mudança daqui a pouco, mas não imediata- mente. Sinto que o rumo está sendo corrigido e estamos aprumando para uma boa rota. P a u l o R e n a t o S o u z a
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx