Revista da ESPM Julho-Agosto_2010

R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2010 60 coerente e contínua. Nesse mesmo país, temos personalidades jurídicas do setor público e privado. Cabe às entidades pú- blicasmanter amáquina administrativa, dentro da persona característica do setor público e de cada governo e as entidades privadas, que devem trabalhar dentro de uma realidade de demanda e oferta nacional e internacional, sempre com umobjetivo econômico. Por vezes, existe umdescompassomuito forte entre o que é político, econômico e social nas dimensões públicas e privadas. As exportações brasileiras, por exemplo, têm aumentado gradativamente nos últimos anos, porém em descompasso com as importações, e comamédiade crescimentomundial. Segundoo MDIC, aBalançaComercial Brasileira de 2009 fe- chou comum superávit comercial de US$ 25,348 bilhões, tendoosmanufaturadosumadiminuição de 27,3% em relação ao ano anterior, fenômeno que vem ocorrendo gradativamente em decor- rência donossoparque industrial, da ausência de políticas concretas de comércioexterior, devidoàs estratégias do atual governo federal, bemcomo à alavancagem da China e da Índia. Essa queda pode ser atribuída, em parte, à crise internacional, que afetou a base produtiva e as relações comerciais internacionais entreospaíses. Entretanto, é muito reducionista afirmar que ela é a responsável principal – como afirmamalguns representantes do governo. Isso porque existem outros fatores expressivos, como a demora na recuperação da demanda interna no decorrer do ano passado, a sensibilidade dos produtos manufaturados brasileiros em relação à política cambial, além da constante intenção de alguns articuladores brasileiros de tentar redirecionar nossos relacionamentos comerciais para econo- mias menos desenvolvidas, promovendo atritos diplomáticos com mercados que usualmente consomem produtos desta categoria, como os Estados Unidos e Europa. Um fato relevante é que comercializamos o que podemos produzir, como nível de qualidade que nossas empresas podem agregar aos produtos, independentemente do cenário internacional e das estratégias adotadas pelo governo federal e pelas empresas. Dessa forma, boa parte da nossa pautade exportações se refere aprodutos básicos, insumos e recursos que nos possibilitam efetuar vendas a um custo baixo, apesar do custo Brasil. Tal cenárioadvémdas características continentais de nosso país e de nossa política industrial. A economia brasileira passou por um doloroso processo de ajustamento industrial no período de 1980/1997 – pós-crise internacional – com o crescimento acelerado da inflação, participação crescente das importações substitutivas e final- mente com a abertura irrestrita do mercado aos produtos importados no governo Collor. Foram necessários ajustes contextualizados aoambiente competitivo no mercado doméstico e principal- mente internacional, envolvendoonível corpora- tivo e organizacional, comotimização de custos, contenção de despesas e racionalização dos métodosprodutivos, objetivandocustosmenores, sinergia, economia de escala,maior produtivida- de, qualidadedeprodutos emenor necessidadede capitais de terceiros, principalmente adequandoo fluxo de caixa. Procurou-se adotar durante todo esse processo de ajustamento uma política de O setor privado sofre com a falta de consis- tênciaecontinuidadedas políticas industriais com o comércio exterior, o que exemplifica que, em junho de 2010, menos de 1% das exportações brasileiras foram influen- ciadas pelos acordos co- merciais do atual gover- no dos últimos dez anos. Umpaíspodeserdefinido como umgrupo de unida- des administrativas que deveatenderaosobjetivos nacionaiseregionais,con- templando o bem-estar econômico e social. Jupiterimages

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