Revista da ESPM Julho-Agosto_2010
R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2010 62 O Ministério das Relações Exteriores tem uma importante missão de criar uma imagem insti- tucional do país que alavanque as exportações brasileiras. Entretanto, existe historicamente um descompasso entre o que produzimos e que posicionamento desejamos ter. Nos últimos anos, tivemos um crescimento na comercializa- ção de commodities – agrícolas e pecuárias. Em contrapartida, diminuímos significativamente a comercializaçãodemanufaturados, pois a indús- tria nacional não tem condições nem de atender o mercado interno, levando o país recentemente a liberar a importação de quase cem itens. Fecha- mos omês de junho comumaumento expressivo de 43,9%nas importações brasileiras, em relação ao mesmo período de 2009. Conclusões Aestrutura industrial brasileira é constituída por um grupo heterogêneo de setores produtivos industriais que, por vezes, se relacionam entre si. Essa forte característica de heterogeneidade intersetorial possibilita uma diversidade econô- mica, mas não um foco de excelência, em que cada regiãopode desenvolver sua core competence e não um posicionamento de país, como ocorre com Japão, Alemanha e Estados Unidos, por exemplo. O governo, em seus diferentes níveis, opta, de tempos em tempos, por determinados setores para incentivos que objetivam metas de curto prazo. Entretanto, boa parte do resultado econômico do Brasil é decorrente dos esforços, práticas e estratégias do empresariado brasileiro. Boa parte do ônus dos resultados financeiros das empresas é democratizada para o governo, sem uma política consistente de crescimento econô- mico integrado. EDMIR KUAZAQUI Doutor e mestre em Administração (linhas de pesquisa: Marketing, Recursos Humanos e Comércio Exterior). Pós-graduado emMarketing e professor da ESPM. Autor de livros, consultor e presidente da Academia de Talentos. ES PM alto valor agregado e o provável reaquecimento do consumo interno. Entretanto, para confirmar e concluir a análisedeste artigo, propostas devem ser relacionadas comações que contribuampara a cadeiade eventos. Coma sucessivadiminuiçãode nossas exportações de manufaturados, inclusive com a decisão de diminuir a dependência de nossa pauta de exportações ao mercado norte- americano, torna-se difícil a sustentabilidade das propostas, havendo mais uma vez uma falta de coerência na política industrial e que influencia todo o comércio exterior brasileiro. É histórica a falta de consistência e continuidade das políticas industriais comas de comércio exte- rior, que influenciamfortementeno setor privado. Para se ter uma ideia, fazendo um balanço em junho de 2010, menos de 1% das exportações brasileiras foram influenciadas pelos acordos comerciaisdoatual governodosúltimosdezanos. Destes, somente coma Índia e Israel, porémcom certas reservas. Fechamos umacordo de livre co- mércio comIsrael, contudo esse país representou menos de 0,18% em 2009. A Índia representou 2,2%, porémabrange umconjuntode 450 produ- tos dentrode umportfóliode 9.000. Alémdisso, a Índia temumforte relacionamentocomercial com aUniãoEuropeia, oquenos traz certos obstáculos às trocas comerciais com o Brasil. O Japão, a Alemanha e os Estados Unidos usam um posicionamento de país, diferentemente do governobrasileiroqueop- ta,detemposemtempos, por determinados setores para incentivosqueobjeti- vammetasdecurtoprazo. Ablestock.com
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