Revista da ESPM Julho-Agosto_2010

R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2010 68 de 2004, para 621 mil pessoas agora, um aumento de 32%”. Já no âmbito federal, os cargos de confiança sem vínculo “eram 4.771 há cinco anos e em 2008 chegaram a 5.370”, 26% do total. Esses são parte dos cargos que poderão ser trocados caso o partido do presidente Lula não permaneça no poder nas próximas eleições, sem incluir as funções gratificadas de servidores de carreira. Nenhuma empresa, privada ou pú- blica, pode funcionar com compe- tência, trocando grande parte de seus quadros a cada quatro anos. Quando troca o Governo inglês, troca só o primeiro escalão, poucas dezenas de cargos, os demais fazem parte da máquina pública que deve funcionar independentemente de quem esteja no poder. O setor público não deve ficar completamente à mercê da vontade dos políticos eleitos para cargos executivos ou seus subordinados diretos, pois em geral eles só pensam em função da repercussãomidiática de suas decisões ou do reconhecimento eleito- ral de seus apadrinhados, ou seja, da imagem pública capaz de render votos. Por isso se diz que esgoto não rende votos, porque não apa- rece, enfim, é o Estado espetáculo. OPrograma Saúde da Família – PSF, por exem- plo, quando adotado pelas prefeituras, exige um quadro mínimo, com médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde, emnúmero pro- porcional à população a ser atendida. Esses qua- dros recebem treinamento para atuar, e, quando já treinados, começam a atuar adequadamente, ocorrem eleições e trocam os prefeitos, e os no- vos que assumem tendem a demitir as equipes existentes para contratar seus cabos eleitorais ou eleitores, exigindo novos treinamentos e capacitações. É um programa que está sempre em fase de implantação e, considerando isso, é um milagre que dê certo e tenha diminuído a mortalidade infantil. O caso SUS Costuma-se citar o SUS como exemplo do fracasso estatal, apontando-se as dificulda- des de quem busca atendimento na rede de saúde pública. Porém, esquece-se de que o Brasil erradicou a poliomielite, o sarampo, a varíola e a catapora, tem um programa modelo de AIDS e vem avançando os indicadores de saúde de sua população. Quando foi criado o SUS, universalizou-se o atendimento com uma rede de saúde que não comportava a nova demanda. Mas cada vez mais brasilei- ros estão tendo acesso a Planos privados de saúde, diminuindo a demanda. E o SUS tem obtido sucesso nos programas de atendimen- to domiciliar e local, como o PSF, e na sua municipalização e regionalização, que visam Podemos citar o SUS co- mo exemplo do fracasso público, apontando suas dificuldades em fornecer serviço adequado para quembuscaatendimento na área da saúde. No debate sobre o Pú- blico versus o Privado notam-se dois erros: a ideologizaçãoeoprecon- ceito,queéreforçadopelo senso comum.

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