Revista da ESPM Julho-Agosto_2010

julho / agosto de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 81 BAITELLO JÚNIOR , N. Vilém Flusser e a terceira catástrofe do homemouasdoresdoespaço,afotografiaeovento. Japão,2004. BARROS , J. S. Moradores de rua – pobreza e trabalho: inter- rogações sobre a exceção e a experiência política brasileira . Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação emso- ciologiadoDepartamentodeSociologiadaFaculdadedeFilosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de mestrado em sociologia. São Paulo, 2004. ELIAS , N. O processo civilizador . Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990. HILLMAN, J. Cidade e alma . São Paulo: Studio Nobel, 1993. RIBEIRO , M. Em entrevista , em 09/03/2006 em São Paulo. SILVA, A. A. Em entrevista , abril de 2006 em São Paulo. BIBLIOGRAFIA NOTAS 1. Conceitos apresentados na palestra de Norval Baitello Júnior, proferida na Semana da Comunicação da Faculdade de Comunicação e Artes Mackenzie, 2005. 2. Conceitos apresentados pelo arquiteto e urbanista às autoras deste artigo, em entrevista, em 2006. 3. Conceitos apresentados pela socióloga às autoras deste artigo, em entrevista, em 2006. ao tornar amãodeobra cada vezmais especializa- da e o lucro o único objetivo da produção, excluiu do universo social aqueles que não têm acesso a essa especialização. Há também estigmas muito grandes em relação a essas pessoas, como afirma a socióloga Ana AméliaSilva. “Oquadrodepreconceitoeestigmas sobreomorador de rua vemdeuma culturapolíti- ca, de uma sociabilidade que considera as classes mais baixas como classes perigosas” 3 . Ao realizar entrevistas com três moradores de rua diferentes na forma de ser, pensar e com histórias muito peculiares, pudemos conhecer os distintos moti- vos que os fizeram chegar a essa condição quase sub-humana e observar que o homem é capaz de produzir os mais diversos significados para a realidadequeocerca, tornando-amais suportável. Se toda situação temdois lados, “não existe outra opção imediata para essas pessoas”. Resta-nos, então, tentar compreender de que maneira essa “opção” imposta se dá. Apesar de viver num espaço público, ao longo do tempo o morador de rua foi capaz de criar objetos simbólicos de referên- cia, objetos que o situam como ser humano. Ali carrega a sua identidade, sua marca de cidadão domundo. Mesmo quando não divide o espaço que habita de maneira lógica, em cômodos, consegue habitar aquele espaço, conferir-lhe sentido de lugar e ter uma privacidade, mesmo que relativa, que lhe permite sobreviver dame- lhor forma que puder. O que lhe resta é viver essa vida, os perigos da rua, sozinho ou com parentes, fazendo do espaço público seu espaço privado e sendo umverdadeiro nômade dentro de uma sociedade que o ignora, que o enxerga, mas finge que não o vê. GIOVANA ZULATO Graduada emPublicidade ePropaganda eCriação e em Jornalismo pelo Mackenzie, onde cursa pós- graduaçãoemMarketingeComunicação Integrada. Atualmente é analista de comunicação na área educacional, e-mail: giovanazulato@yahoo.com.br MILENA DE ASSIS FURTADO Pós-graduada em Comunicação Organizacional/ Relações Públicas pela Cásper Líbero e graduada em Jornalismo pelo Mackenzie. Atualmente é assessora de imprensa na área de gastronomia. e-mail: mi_furtado@hotmail.com O que lhes resta é viver os perigos da rua, a soli- dão, fazendo do espaço público seu espaço pri- vado dentro de uma so- ciedade que o enxerga e finge estar cega. Digital Vision ES PM

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