Revista da ESPM Julho-Agosto_2010
R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2010 84 radas contrárias ao interesse nacional brasileiro, mas sem deixar sinal nem de arrogância, nem de leniência que pudesse comprometer a autoridade do País (José Honório Rodrigues e Ricardo Seitenfus. Uma História Diplomática do Brasil: 1531 a 1945. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1995.). Paraos autores isso sedeuainda mais no período imperial, emque a existência de uma unidade política de regime monárquico era vistapor estranha emumaAmérica republicana”. Paulino José Soares, Visconde de Uruguai, um dos maiores estadistas brasileiros no século XIX, teve grande relevo na formulação do arcabouço governamental do Império, em especial pelo seu Tratado de Direito Administrativo . Tendo como critério principal a modernização do Es- tado, Paulino Soares visava conduzir o Brasil a um lugar de destaque mundial. Assim, uma de suas principais iniciativas foi a de tornar mais funcional a estrutura doMinistério das Relações Exteriores, tarefa que concretizou nas reformas de 1852, emsua segunda gestão comoministro, e quepermanecematéhoje comooalicerceoriginal de nossa diplomacia. Paulinode Souza definiu as bases da carreira diplomática criandoumsistema de garantias a seremdesfrutadas pelos diploma- tas desde que cumprissem os requisitos legais de formação, ou seja, que fossem bacharéis em Direitoe versados emlínguas estrangeiras.Nessa continuidade de ênfase no merecimento, reside uma das principais explicações para o caráter exemplar do Itamaraty moderno. Mas até a nomeação do Barão do Rio Branco para a pasta das Relações Exteriores em 1902, o Itamaraty permanecera cristalizado por dé- cadas – sob o comando do velho Visconde de Cabo Frio, secretário-geral – que não permitia qualquer espécie de modernização. Disse dele Alvaro Lins, em sua biografia Rio Branco , que “dirigia oMinistério do Exterior com as mesmas ideias e métodos com que aparecera diretor ge- ral em 1865”. O Barão percebeu que havia uma defasagemnos quadros do Itamaraty, razão pela qual ampliou o número de funcionários e passou a supervisionar a admissão de novos integrantes da carreira, por meio de uma conversa pessoal com cada um dos novos candidatos. A institui- ção era assim muito homogênea, característica sublinhada por serem seus integrantes oriundos da elite carioca e paulista. Aevoluçãoparaa simpli- cidade da forma é uma das características de Bruno Giorgi, autor da esculturaOMeteoro,feita emmármoresobreolago do Palácio dos Arcos. Com a nomeação do Barão do Rio Branco para a pasta das RelaçõesExteriores, noanode1902, o Itamaraty, queestava comseuquadrodefuncionáriosdefasado,sofreuampliaçãoe passouasupervisionaraadmissãodeseusnovosintegrantes, oriundos da elite carioca e paulista, por intermédio de uma conversa pessoal com cada um dos novos candidatos. itamaraty.gov.br
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