Revista da ESPM Julho-Agosto_2010

R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2010 90 esses escassos recursos foram reser- vados para o último ano do mandato presidencial. Grandes projetos de infraestrutura estão sendo editados e anunciados, enquanto outros são licitados, todos faraônicos e com valores que fazem brilhar os olhos de qualquer empre- sário, no setor da construção civil, nos consórcios de empreiteiras e nas instituições financeiras. Belo Monte, Trem-Bala, Pré-Sal estão entre os exemplos mais divulgados. Enquanto isso, soluções para o crônico déficit de serviços públicos, mesmo daqueles asse- gurados pela Constituição, e para a defasada e insuficiente capacidade da infraestrutura de energia, transportes, dentre outras, estão sendo recuperadas, requentadas e incluídas nas pro- messas dos candidatos à presidência. Felizmente, nem tudo é tão desanimador. O país vai bem, apesar dos seus governantes. A característica predominante e estereotipada do brasileiro é a alegria. Soma-se a ela a musicali- dade, o ritmo, a jinga, a versatilidade, tudo em meio a uma grande diversidade. Resulta daí um povo tolerante, que faz piada de suas próprias dificuldades e, sobretudo, esquece rapidamente das coisas erradas e ruins que acontecem. Pouquíssimos líderes da iniciativa privada dirigem empresas de sucesso, nesse ambiente hostil aos empresários (elites), no qual, além de enfrentar concorrentes internacionais, pre- cisam sobreviver ao emaranhado de normas legais e tributárias em constante mudança. Mudar regulamentos, criar normas e au- mentar impostos, que dificultam a vida de cidadãos, parecem ser as únicas ocupações dos burocratas governamentais. Assim, o país segue caminhando, com espas- módicos ciclos de crescimento, com período de quatro anos, onde o horizonte de planejamento de maior prazo é, tão somente, de quarenta e oito meses ou menos. Além das promessas, raramente cumpridas e pouco lembradas depois das eleições, desta vez, duas novas oportunidades se apresentam aos candidatos para emocionar a multidão de eleitores: a Copa de 2014 e aOlimpíada de 2016. Odesafio desses dois eventos está na suamaior visibilidade pelo mundo globalizado, e no interesse direto dos países participantes, que exigem maior responsabilidade do país que recepcionará atletas e visitantes. Recorda-se que, após a experiência dos Jogos Pan-Americanos, houve outra temporada de denúncias da imprensa, no caso, do milagre da multiplicação dos orçamentos, que acabou sendo encoberta pelo escândalo ou pela tragédia seguinte, sem esclarecimentos ou punições de que se tenha notícia. Os serviços que serão mais utilizados pelos visitantes incluem, dentre outros: aeroportos (apagão aéreo), alfândega (greves), transportes O setor da construção civil se ressente da fal- ta de mão de obra. A mais simples, ou menos qualificada, buscada no Nordestedopaís, possui cada vez menos can- didatos, que temem se arriscar a ter a carteira assinada e perder os benefícios do Programa Bolsa Família. Os gastos com o funcio- nario público nos últimos anos aumentaram mais que o PIB, no período, advertindo que a máqui- na estatal, considerada pesadae ineficiente,está inchando mais rapida- mente que a economia.

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