Revista da ESPM Julho-Agosto_2010
R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2010 92 Faz-se necessário elevar o padrão edu- cacional e de conscientização de, pelo menos, 30% da população para que desapareçamos “currais eleitorais” e as massas de manobra. Entretanto, esse processo demanda tempo. Sonha-se também com um líder es- tadista como Gandhi, Martin Luther King e Mandela, que promoveram mudanças revolucionárias em seu país. Ou um juiz como o italiano Giovanni Falcone, que iniciou o processo de extinção da Máfia. Lamentavelmente, parece que, atualmente, os líderes brasileiros ainda estão distantesdecausastãograndiosaseestãoocupados comquestões mais corriqueiras. Diante do exposto, parece que resta tão somente a mudançapassoapasso,lentaegradualdacondição emqueseencontra, paraograndepaísdos sonhos. Soluções O planejamento de longo prazo não parece ser a melhor competência do governo e do povo brasileiro em geral, cuja maioria absoluta ainda aprova a gestão emandamento. A tradição do país do “jeitinho” é a improvisação e a criatividade. A máxima atribuída a Getúlio Vargas ainda reflete a ausência de planejamento: “deixa como está, para ver como fica.” Quantoaoplanejamentodemudançasnecessárias, seopaísfossegeridocomoumaempresa,omodelo adotado seria o da estratégia emergente de Henry Mintzberg, isto é, uma estratégia previamente de- liberada, que se ajusta às condições emergentes do ambiente. Mesmo assim, haveria a necessidade de uma estratégia prévia, que dificilmente teria sido formulada. Tratar-se-ia de uma abordagem adaptativa de planejamento, segundo a qual o futuro segue ba- sicamente as tendências, comajustes demudanças mais rápidas ou mais lentas, de acordo com os recursos disponíveis (RBV- Resources Based View ). Portanto, o objetivo estratégico a ser visado seria a realizaçãodopossível,entreomundo“pé-no-chão” e o mundo dos sonhos, tendendo mais ao realista do que ao idealista. Assim, possivelmente, as reformas importantes continuarão a ser procrastinadas; as promessas de campanha serão rapidamente esquecidas; os com- promissosserão,raramente,cumpridos;asposições políticas serão, ocasionalmente, mantidas, entre outros desmandos e omissões. As prioridades, como de hábito, possivelmente se voltarãoparaoevidenteeovisível e, quantoaopra- zo, ao imediato e ao curto prazo. Odéficit anterior, sejadeserviços,sejadeinfraestrutura,permanecerá enterrado na vala comum, ou embaixo do imenso “tapetão administrativo”. Afinal, ele foi legado da execrada, mas esquecida, gestão anterior, e novas emergências estarão pululando. Os prazos para a implantação de soluções para as demandasadicionaisdeserviçosedeinfraestrutura se afiguram exíguos para qualquer cronograma. } Deixa como está, para ver como f ica. ~ G etúlio V argas O planejamento deveria ser baseado em uma estratégia previamente deliberada, que se ajus- ta às condições emer- gentes do ambiente. Ou seja, uma abordagem adaptativa de planeja- mento, com ajustes de mudanças mais rápidas ou mais lentas. O Cruzeiro
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