Revista da ESPM MAI-JUN_2008

107 MAIO / JUNHO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M Jorge Fornari Gomes Ð CHOKMAH (Choch- má, Hohmáh, Hoch- máh). A sabedoria sin- tetiza os princípios e as crenças das pessoas. Reverência. Humildade. Unidade. A sabedoria transcende o intelectual e sobrepuja os desejos, as falsas necessidades e as paixões que distorcem a per- cepção dos reais valores da vida. Baseia-se na experiência deQualidade que permite perceber a presença das coisasmuitomaiores que nósmesmos e, também, a adequar a própria mis- são e desenvolvimento frente a elas. É a intuição educada, da qual derivam manifestações sensíveis e artísticas. É a capacidade de antever as possibi- lidades do futuro avaliando as forças que influíramno passado e que atuam no presente. É também o lado direito do cérebro, onde flui a criatividade e o mundo das idéias. Capacidade de manter plena consciência para amar o milagre da vida, a integração de todas as coisas. Consiste na redução das ilusões geradas pela fragmentação da nossa limitada percepção e consciên- cia. Reduz a ilusão do saber, o dogma- tismo do saber tudo, o ceticismo de em nada acreditar. Baseia-se na experiência vivenciada, na realidade refletida e ponderada. KETHER (Kéter). Final- mente, quando uma pessoa consegue pas- sar por todos estes estágios, se aproxima da Coroa. Maslow talvez a tenha definido como a auto-realização. Argirys como a maturidade. Algumas religiões como o encontro ou a fusão com seu Deus pessoal. KETHER (Keter). A coroa é o ponto mais sublime da experiên- cia humana. Todos os passos anteriores, quando bem desenvolvidos, convergem para este último estágio, que abre as portas para novas dimensões de com- preensão de si mesmo e da humani- dade. Compreensão e vivência da própria essência, atemporal e livre. A plenitude incapaz de ser descrita. É a coroa divina do humanismo, a vontade original do Criador que gera todos os demais estágios. Estágio de despojamento, coragem de penetrar no subconsciente e inconsciente, no oculto do oculto. Não se trata mais de buscar suprir a si mesmo, mas de servir aos outros. Não de ser inde- pendente, mas integrado à natureza e a todas as pessoas. Manifesta-se pelo prazer de doar a si mesmo. É a Luz Superior geradora de todo o movimento da criação. Pode-se considerar como o momento zero, a criação em potencial, mas não expandida. Nossa ligação com o Big-Bang , com Brahma, o princípio vital de todas as formas de energia (e vida, consequentemente). Existe uma falsa se- phirah , o DAATH . Representa o abis- mo, o caos aleatório do pensamento, o domínio das paixões irrespon- sáveis. São obstáculos a serem transpostos para se chegar ao topo (Kether) por intermédio do plano pessoal. Daath é um abismo onde caem os homens irresponsáveis e orgulhosos, mas também os me- drosos que temem dar um salto ao desconhecido, os que evitam o confronto com a verdade pessoal. É o estágio mais baixo que um ser humano pode cair e de onde tem de se levantar cada vez que isto ocorre. Um obstáculo a ser transposto, se quisermos chegar ao topo e conhecer nosso melhor eu , ou, o Pai face a face. PROXIMIDADE E DISTÂNCIA A proximidade filosófica nem sempre é acompanhada pela proximidade da prática. Acreditar nas mesmas coisas não significa, necessariamente, realizá-las do mesmo jeito. Diferentes culturas usam diferentes estratégias para alcançar o mesmo objetivo, mui- tas vezes até de formas diferentes das que estamos acostumados. Isto não impede que possamos aprender umas com as outras e ampliar nossa compreensão. Aliás, nós nos desentendemos mais pela falta de compreensão das estraté- gias, escolha dos caminhos, do que pelos objetivos. As práticas da Cabala e do desenvolvimento pessoal se afastam muito quando a primeira é essencialmente mística, e a filosofia de desenvolvimento é essencialmente utilitária, visando apenas ao desenvolvimento de comportamentos mecânicos de res- posta. Por outro lado, aproximam- se quando buscam desenvolver um ser humano mais integrado consigo mesmo e com a sociedade a que pertence.

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