Revista da ESPM MAI-JUN_2008
14 R E V I S T A D A E S P M – MAIO / JUNHO DE 2008 Entrevista milimétricas, porque existiam legis- lações estaduais nos Estados Unidos, antes do movimento de integração, na década de 60, a partir do Kennedy até Lyndon Johnson – até quantos avos você tem de sangue negro, se você tem avó ou avô negro etc. Isso era estabelecido emLei, porque o racismo lá não é preferencial; é ilegal ou não, e você podia ser preso. No nosso racismo, o mestiço era p o s i t i v o , o mestiço branqueava o B r a s i l . Essa foi a tese levada a a um con- gresso, em Londres, em 1911, pelo diretor do nosso Museu Nacional, João Batista de Lacerda; deve ter sido umchoque para os europeus – não sei de ninguém que tenha estudado isso comcuidado. No caso americano, isso está no livro do Gunnar Myrdal que nunca foi traduzido para o português – aproveito para dizer isso aqui porque sua Revista é muito lida: na época do Centenário da Escravidão chamei a atenção, falei com alguns editores, queria que eles traduzissemesse livro. Chama-se O dilema americano . É o maior estudo de discriminação, de segregação, de relações raciais nos Estados Unidos, entre negros e bran- cos, jamais feito. GRACIOSO – Deveríamos pro- mover mais o culto à diversidade neste país? DAMATTA – Acho que o nosso pro- blema é a igualdade – a outra perna. Houve a questão da liberdade, que foi muito debatida durante todo o pro- cesso político brasileiro do Império para a República e – posteriormente – os nossos conflitos republicanos, em geral, são quase todos locali- zados ao redor de algum episódio que tem a ver com a liberdade de expressão. O discurso que alguém Imagem: Gilmar Fraga “O QUE HÁ, NA ÁFRICA, SÃO PAÍSES INVENTADOS.” Imagem: USP
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