Revista da ESPM MAI-JUN_2008
33 MAIO / JUNHO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M Enrique Saravia deste choque de gerações. No âm- bito das organizações as diferenças entre jovens e velhos são motivo de desconfianças, de desentendimentos e de choques desnecessários.Trata-se, geralmente, de indivíduos que susten- tam os mesmos valores, mas que os vivenciam de forma diferente, cada um adequando-os à sua particular inserção nomundo e às circunstâncias temporais específicas que condicio- nam a sua existência. As classes sociais se caracterizam por terem um conjunto específico de elementos culturais. A experiência de cadaum,enumerosasobrasdaliteratura universal,mostramesse tipodeconflito. Apeça teatral Pigmalião, deGeorgeBer- nardShaw– transformadaemmusical e emfilme sob o título de “My Fair Lady” – é um belo exemplo da diferenciação social provocada pelos sotaques e pela forma de utilização do idioma. Em países com grandes diferenças de classe e largas brechas entre elas, como é o caso do Brasil, estas dife- renças se acentuam. Nas negociações trabalhistas aparece frequentemente esse tipo de conflito, originado nas di- ferentes concepções do mundo e nos estereótipos construídos por classes sociais diferentes. No âmbito de cada organização é possível detectar uma cultura própria. De fato, uma série de elementos, tais comoo setor de atuação, a história e as epopéias vividas pela organização, a personalidade do fundador, a forma de atuação de seu quadro dirigente, entre outros, produzem uma identidade cultural que caracteriza o estilo de fun- cionamento de cada organização, seja ela empresa, instituição semfins lucra- tivos ou qualquer outro tipo de con- glomerado organizacional. Os fatores mencionados produzemuma visão do mundo e dos negócios, um sistema de valores e um conjunto de regras tácitas e explícitas que são comuns a todos os membros da organização (Cf.Meier: 2004). É isso o que se denomina “cultura organizacional” e queMariaTeresa Fleury define “como um conjunto de pressupostos básicos expresso em elementos simbólicos, que em sua capacidade de ordenar, atribuir significações, construir a identidade organizacional, tanto agem como elemento de comunicação e de consenso, como ocultame instrumen- talizam as relações de dominação” (Fleury e Fischer 2006: 22). Nas últi- mas décadas, a literatura especializada destaca a cultura organizacional como um elemento essencial e decisivo na vida das empresas 6 . No seio das organizações, e nas inte- rações diversas entre elas, todos esses elementos culturais são fonte de con- flitos. Gênero, geração, classe social, origens geográficas diversas, estão na A peça teatral Pigmalião, de George Bernard Shaw – transformada em musical e em filme sob o título de “My Fair Lady” – é um belo exemplo da diferenciação social provocada pelos sotaques e pela forma de utilização do idioma. Ð Google Images
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