Revista da ESPM MAI-JUN_2008
Unidade e diversidade 51 MAIO / JUNHO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M Ð cutivos de nível superior; alguns bons profissionais do nível médio. Mas, no nível intermediário, somos muito fracos. JRWP – Tenho um amigo que tem uma empresa nos Estados Unidos e que dizia que a diferença essencial entre lá e aqui era a seguinte: en- quanto o primeiro escalão em am- bos os países era igual, nos Estados Unidos também havia o segundo e o terceiro escalão; já no Brasil passava do primeiro para o quinto! HERMANO – Nós temos o pri- meiro escalão, o grupo de acesso e nada abaixo! Eu imagino que lá eles sejam como futebol: há os grandes clubes, depois os que têm aspirações para serem grandes clubes, depois há outros quinhen- tos mil clubes de várzea. GRACIOSO – O Fábio Mariano tem uma experiência interessante para nós: o que fazer com as dife- renças que estão pipocando nas classes C e D? FÁBIO –As questões, no Brasil, estão ligadas menos às diferenças e muito mais às desigualdades, tornando as diferenças piores. Lívia lembrou do politicamente correto que tomou conta não somente da sociedade como também das empresas. Partici- pei do caso recente de uma empresa gráfica que atende a várias regiões do Brasil. Investigando o atendimen- to dessa empresa, percebemos que o público do Nordeste, em especial da Bahia, reclamava quando eram atendidos pelos do Sul e do Sudeste, dizendo que eram muito frios, só queriam vender. Um deles disse: “Veja só, eu retorno de férias e o seu profissional de atendimento apenas retirou o pedido. Nem sequer quis saber para onde eu fui, como estava a minha esposa, os meus filhos...” Mas, na matriz, disseram-me: “Você está sendo preconceituoso, porque nós também temos o desafio da uni- dade, todos são iguais no país”. Há, claramente, um futuro para o nosso país que vem das classes C/D/E, que é promissor, quando olhamos esse público como consumidor, o público que compra, que paga, que tem sido observado para amar as marcas. Ótimo! Mas ainda é com- plicado quando olhamos para esse público como mão-de-obra, em um mundo em que manda mais quem temo conhecimento... Quando olha- mos para o nosso país, com toda sua diversidade, quem é que tem o conhecimento? Na verdade, uma minoria e com tudo muito contami- nado por um estilo administrativo e empresarial que vem de fora. E daí vem até a questão nessa diversidade: será que conseguimos encontrar um estilo brasileiro de administrar, um estilo brasileiro de conseguir trazer esse público que vem não somente como consumidor, mas também como executor? JRWP – Gostaria de que o Rodri- go falasse um pouquinho sobre a questão das diferenças e desigual- dades nas várias regiões do Brasil. RODRIGO – Eu até trouxe alguns exemplos de como isso se aplicou no meu negócio, na minha vida, até desenvolvendo um conceito de marketing. Fomos de uma agência, a Propeg, que existe até hoje. Em certo momento, no início dos anos 90, desenvolvemos um projeto de expansão da agência para o Brasil Anúncios da agência Propeg
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx