Revista da ESPM MAI-JUN_2008

Unidade e diversidade 57 MAIO / JUNHO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M “UMA GRANDE EMPRESA TEM DE REPRE- SENTAR ESSA SOCIEDADE PLURAL.” para mais eficácia, para comunicar melhor, fazendo alguma coisa mais ligada ao consumidor local. Funda- mental é a criatividade, a inovação. Inovação é o que move no fim e que faz a diferenciação sobre a qual falamos. Vantagem competi- tiva é feita por meio da inovação do processo, do produto, no custo. Acho que temos de saber capturar isso em uma sociedade pluralista, trazendo gente de vários matizes para a empresa. Uma vez que você trouxe um novo elemento para o jogo dentro da empresa ou na so- ciedade, ele vai modificar. Nós fala- mos pouco dos deficientes, hoje. O Brasil tem uma lei que exige que 5% dos funcionários das empresas sejam deficientes. Talvez não exis- ta todo esse número. Na Unilever elevamos a 4,2%. E é uma coisa muito boa. No começo, as pessoas falavam: “Olha fulano da cadeira de roda”, não sabiam se deveriam olhar... Hoje é uma coisa comum, é bom para a sociedade. Estamos nos preocupando com as calçadas, as famílias deixaram de ter vergonha de almoçar com seus deficientes, num domingo. Isso é evolução, e a empresa tem um papel nesse sen- tido, de ser um exemplo para toda a sociedade. FÁBIO – Estamos em um momento de transição. O primeiro passo e, o mais importante, é reconhecer as diferenças, a diversidade. A empresa acaba sendo um reflexo dessa diversidade que temos na sociedade. Inevitavelmente isso já se reflete nas empresas e vai crescer ainda mais, embora, como bem lembrou a Lívia, a empresa tenha um filtro que é a sua própria cul- tura. Mas também nos deparamos com outro filtro, o dos próprios can- didatos, que hoje olham e dizem: “Essa empresa não tem a minha cultura”, e buscam uma outra. Isso é interessante porque os dois lados estão procurando essa diversidade, que em um momento vai se en- contrar de uma forma, digamos, homogênea. Vejo um movimento muito positivo como o que há, recentemente, no Leste Europeu, de agências de propaganda que estão procurando profissionais de criação no Brasil. Estão levando diretores de criação, os diretores de arte brasileiros por conta da criatividade desses profissionais, do uso de uma linguagem mais descontraída, da inovação, da diversidade. Da mesma forma, é interessante o movimento do setor financeiro, em particular dos bancos, também à procura de diversidade dos seus funcionários. Mas um alerta: que isso não se transforme em uma política de cotas, um quadro de funcionários com tantos por cento de homos- sexuais, outros tanto de mulher, tantos de índio, e aí quando chega um talento na hora do recrutamento ele ouve: “Ah, desculpa, acabou a sua cota”. Isso não deve acontecer. Seria a ditadura da diversidade. GRACIOSO – Mais do que diferen- ças, o que é importante, de fato, é a diversidade de ser na vida, de pensar, em atitudes, no compor- tamento. Eu diria que se Deus, na sua sabedoria, depois de um mi- lhão de anos, continua a fazer os homens diferentes... Aliás, o livro do Gênese está errado, porque diz: “Deus criou o homem à sua ima- gem e semelhança”. Na verdade, ele repartiu um pouquinho para cada um, e assim é até hoje. Não vamos contrariá-lo, vamos aceitar a diversidade que ele criou, que eu acho é o que mais convém ao gênero humano. ES PM

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