Revista da ESPM MAI-JUN_2008
62 R E V I S T A D A E S P M – MAIO / JUNHO DE 2008 O repúdio conceitual do escritor a qualquer forma de governonãoobscu- receu sua visão de que é impossível a organização social subsistir semum Estado-mínimo. Examinando-se os componentes das inúmeras fórmu- las que propôs, fica visível que, ao longo de sua extensa pregação política, nunca conseguiu desenredar o dilema entre as vantagens retóricas do liberalismo econômico e o resul- tado inevitável da falta de freios: a corrupção do banquete servido por sindicalistas, políticos, latifundiários, financistas e empresários. De resto, suas esperançosas fórmu- las denotam o desconhecimento VI, como um gângster de Chicago a vender proteção aos empresários em troca de participação nos lucros. Enfim, um sócio ocioso, bicão e in- desejado. Suas premissas ultraliberais antecipam em mais de meio século os contornos do modelo privatista e globalizador que se costuma chamar de “neoliberalismo” após Collor e FHC: Estado-mínimo, substituição de grandes corporações por múltiplas empresas de capital aberto, livre con- corrência demercado, maior desregu- lamentação no sistema de trocas, fim de subsídios e protecionismo tarifário, tudo resultando na globalização que Lobato mesmo chamou de árvore mundificada (América). Resultando na globalização que Lobato mesmo chamou de ár vore mundificada (América). Na verdade, nem ele e seus predecessores, nem contemporâneos e pósteros como Villa-Lô- bos, Di Cavalcanti e os teóricos do ISEB (Insti- tuto Superior de Estudos Brasileiros) chegaram a pôr a mão no Cálice Sa- grado da nacionalidade brasileira. Não bastasse isso, Monteiro Lobato preconizou o liberalismo econômico quando o mundo era dominado pelos totalitarismos. Ilustração: Miriam Duenhas Google Images
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