Revista da ESPM MAI-JUN_2008

76 R E V I S T A D A E S P M – MAIO / JUNHO DE 2008 de enfraquecimento da própria noção de realidade, com o consequente en- fraquecimento, também, de toda a sua coação. A sociedade do espetáculo, de que falaramos situacionistas, não é só a sociedade das aparências manipuladas pelo poder; é também a sociedade em quea realidade seapresentacomcarac- terísticas mais flexíveis e fluidas e na qual a experiência pode adquirir os as- pectos da oscilação, de deslocamento, do jogo. (…) A experiência da ambi- guidade é (…) constitutiva da arte, tal como a oscilação e odesapossamento; são essas as únicas vias, através das quais, a arte se pode configurar (não ainda, mas talvez finalmente), como criatividade e liberdade no mundo da comunicação generalizada 10 ”. Se analisando a época moderna e a mídia de massa G. Vattimo (1989) as põe em relação com o fim do sentido unitário da história, com o processo de multiplicações de vozes e com o advento de uma tomada de palavras coletivas, é preciso observar como as novas redes informativas, embora continuem expandindo esse processo, o fazem de forma distinta. O social digital, a diferença do analógi- co,mais queumapolifoniade vozes re- sultasermaispróximodeuma realidade “protéica”. Incrementando ao extremo a possibilidade de ligações, o social contemporâneo deixa de ser um con- juntodeestruturascomunicantesparase tornar o espaço de atuações múltiplas, através da união simbiótica de setores e da criação de relações híbridas. A tecnologia digital estimula esse pro- cesso manifestando uma enorme po- tencialidade não somente de conexão, mas, sobretudo, de experimentação, juntando realidades e entidades dis- tantes e possibilitando, assim, formas inéditas de social, de mercados e de produções. No social digital são os sistemas informativos e a circulação de informações emtempo real, amodificar continuamente os cenários sociais, pas- sando a ressignificar continuamente práticas e atuações. Portanto, umprimeiro dado importante é aquele relativo, como observado agora, à mudança dos contextos da so- ciabilidadeque, seantes erambaseados na divisão clara de setores, instituições, públicosetc.,agorasemanifestamcomo conjuntos de ambientes metamórficos A tecnologia digital estimula o processo de uma potencialidade não somente de conexão, mas, sobretudo. de experimentação, juntando realidades e entidades distantes e possibi- litando, assim, formas inéditas de social, de mercados e de produções. Os grupos, antes separados, não somente são mais informados sobre a sociedade em geral, como dispõem de um número maior de informações recíprocas – informações que um tempo distinguiam os internos dos externos. Chearge do Blog Depósito do Maia Contrariamente ao que a sociologia crítica acreditou durante longo tempo – e com boas razões, infelizmente – a massificação niveladora, a manipulação do consenso, os erros do totalitarismo não são o único resultado possível do ad- vento da comunicação generalizada, dos mass media, da reprodutibilidade. Google images

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