Revista da ESPM MAI-JUN_2008
87 MAIO / JUNHO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M – ou cenário – define totalmente os destinos da comunicação, porque ele quase nunca é neutro. Na área internacional, por exemplo, são cruciais as relações entre contex- to, cultura e comunicação. Basta imaginar se você estiver atuando em uma das três áreas seguintes: negócios, educação ou saúde... São extensamente conhecidas as experiências das empresas multinacionais, por meio das publicações especializadas e dos livros sobre administração e negócios; de forma que não faz parte dos objetivos deste roteiro entrar nessa área. É opor- tuno lembrar, contudo, que tem havido um significativo aumento da participação de empresas oriundas das chamadas econo- mias novas ou emergentes entre os grandes grupos deste setor, o que pode indicar, também, a emergência de um novo tipo de competência administrativa multicultural. NEM NARCISO NEM ECO “O peixe só descobre que vive na água quando esbarra na margem.” Anônimo Dissemos, acima, que a comu- nicação é o compartilhamento de um significado entre dois ou mais indivíduos. Entretanto, na maioria dos casos, a comuni- cação não ocorre espontanea- mente, sem qualquer objetivo. Ela é iniciada por um transmis- sor, que visa alcançar um deter- minado resultado. Assim sendo, no processo de comunicação intercultural, ao comunicador compete conhecer tanto a sua cultura como a cultura do receptor. Quanto maior seja esse conhecimento, mais eficaz será a comunicação. Do ponto de vista teórico, tais recomendações não se diferen- ciam muito dos truísmos gerados pelo esquema elementar desen- volvido pelo professor Wilbur Schramm, nos primórdios dos estudos da comunicação. Ao transmissor competia codificar uma idéia e gerar um sinal – ou mensagem – através de ummeio, de modo a que o receptor pudesse de- codificá-lo e absorver o seu signifi- cado. Esse processo desenrolava-se sobre um cenário, ou contexto, como vimos acima – e dizia-se que cabia ao transmissor dimensionar a mensagem no nível de percepção e entendimento do receptor. São comuns, entretanto, as situa- ções em que – em lugar de assumir esperadas posições de competência na comunicação intercultural – ve- mos transmissores desempenhando o papel mitológico de Narciso e colocando os receptores no corres- pondente papel da ninfa Eco, que não exprime significados próprios, mas apenas reflexos desprovidos de sentido. Os exemplos seriam muitos; para lembrar apenas um – no campo da comunicação em- presarial – podemos mencionar o grande número de empresas inter- nacionais que utilizam, no Brasil, slogans ou lemas publicitários em inglês – sem tradução – a despeito do fato de que não mais do que dezpor cento da população seja fluente naquele idioma. A comunicação é iniciada por um transmissor, que visa alcançar um determinado resultado. Do ponto de vista teórico, tais reco- mendações não se diferenciammuito dos truísmos gerados pelo esquema elementar desenvolvido pelo profes- sor Wilbur Schramm, nos primórdios dos estudos da comunicação. WILBUR SCHRAMM Ao transmissor, competia codificar uma idéia e gerar um sinal – ou mensagem – através de um meio, de modo a que o receptor pudesse decodificá-lo e ab- sorver o seu significado. Ð Google images
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