Revista da ESPM MAI-JUN_2008
88 R E V I S T A D A E S P M – MAIO / JUNHO DE 2008 A QUESTÃO ÉTICA “Só se educa verdadeiramente quem aprende a mudar.” Carol Rogers É praticamente intraduzível, para o in- glês moderno, a frase de Shakespeare: Every why hath a wherefore 6 . Em português, um espaço e um acento ajudam-nos a entender que, para cada por quê? há um porquê. Na vida em sociedade, se se deseja a comunicação intercultural, qual é o seu objetivo? Sabem os profissionais da motivação que a competência comunicacional repousa solidamente sobre a empatia que se estabelece entre os parceiros do processo. Oconhecimento e as habili- dadesdesempenhampapel importante, mas a confiança, a intimidade e o afeto constituem-se nos fatores que estabe- lecem a fronteira real entre o sucesso e o fracassodoque podemos chamar, no senso estrito, de empreendimento para o resultado que se deseja obter. A comunicação é um instrumento poderoso e não se deve esquecer que mesmo uma comunicação bem- intencionada pode ter consequências imprevistas. No início do roteiro, tambémdissemos que a comunicação eficaz entre os povos é uma condição de sobrevivência recíproca, já que es- sas diversas culturas precisamconviver emharmonia, semdestruir a si próprias e ao planeta. Na verdade, as culturas evoluíram influenciando-se umas às outras:muitodoque é, hoje, dogmano ocidente, nasceunooriente, eooriente temabsorvido, comproveito,muitoda tecnologia e da cultura ocidentais con- temporâneas – e o debate sobre o que é “melhor” ou “pior” tornou-se ocioso. Um aspecto específico de uma dada cultura pode ser, comprovadamente, mais adequado a uma determinada situação do que a outra e não apenas diferente – e vice-versa. Há valores claramente universais e há embustes que são denominados de “cultura”paraseremperversamenteusa- dos como instrumentos de repressão, exclusão ou mesmo genocídio. De um ponto de vista pragmático, po- dem-se listar três formas de lidar coma questãomulticultural: uma, adaptativa, emque se adotaria a atitude tradicional de – emRoma, agir como os romanos; a segunda, separatista, seria a de man- ter intactas as normas internas, respei- tando apenas exteriormente as normas da cultura anfitriã; finalmente, uma terceira, proposta por Richard Evanoff, seria a integrativa – a integração de normas éticas de várias culturas que re- sultariamna criaçãode uma nova ética para regular as relações dos indivíduos em situações de interculturalidade, construída por um processo ativo de diálogo intercultural 7 . Isso daria origema uma novamentali- dade intercultural ou multi-cultural. 1. Seu livro A Técnica da Comunicação Hu- mana (São Paulo: Livraria Pioneira Editora) de 1961 é um dos primeiros textos escritos no Brasil, sobre o tema. 2. McDaniel et al, Understanding Intercul- tural Communication – in Samovar, Larry; Porter, Richard e Edwin McDaniel, Edwin; INTERCULTURAL COMMUNICATION – A READER, Boston: Wadsworth Cengage Learning, 2006. 3. Brasil, Rússia, Índia, China. 4. Ver Da Empoli, Giuliano – Hedonismo e Medo – o futuro brasileiro do mundo ; Porto Alegre: Editora Sulina, 2007. Embora nem sempre sob uma ótica animadora, sugere que a experiência brasileira tem algo a ensinar às nações européias. 5. Andersen, Peter eWang, Hua – Nonverbal Communication across Cultures – in Samo- var, Larry e outros. 6. De Comedy of Errors. 7. Evanoff, Richard. Integration and Inter- cultural Ethics . In Samovar, Larry e outros. Texto baseado livremente no manual de lei- tura INTERCULTURAL COMMUNICATION – A READER de Larry Samovar, Richard Por- ter e Edwin McDaniel, Boston: Wadsworth Cengage Learning, 2006. NOTAS A frase de Shakespeare: Every why hath a wherefore. Em português, um espaço e um acento ajudam-nos a entender que, para cada por que? há um porquê. Um aspecto específico de uma dada culturapodeser,comprovadamente,mais adequadoaumadeterminadasituaçãodo que a outra e não apenas diferente. Imagem: Logan Moore Ícone RSS - Really Simple Syndication Comunicação intercultural ES PM J. ROBERTO WHITAKER PENTEADO Editor da Revsita da ESPM.
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