Revista da ESPM MAI-JUN_2008
93 MAIO / JUNHO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M Gianni Vattimo tempo, dominarama tradiçãofilosófica, e que, em oposição ao pensamento fraco , ofereciam estruturas totalizantes, fixas e rígidas − numa palavra, fortes − sobre as quais fundar a existência. Para compreendermelhor a relação en- treo pensamento fraco e as filosofias de Heidegger e Nietzsche, quero chamar a atenção para o conceito de niilismo discutido por este último, segundo o qual a filosofia e a cultura ocidental se desenvolvem em direção ao esqueci- mento da consistência objetiva do Ser, processo que se identifica com o que algunsfilósofos chamamde“amorteda metafísica”, e os teólogos, confirmando o diagnóstico de Nietzsche, “a morte de Deus”: o fim das idéias universais, imutáveiseabsolutas, eo ingressonuma era de relativismos, fragmentação, multiplicidade, diferenças. Se, para Nietzsche, por um lado, a perda dessa consistência se desdobra em crise, por outro, ela apresentaumladopositivo, já quelibertariaoshomensparaaprojetua- lidade efetiva. Nesta perspectiva, não existem limites naturais insuperáveis, mas situações que as pessoas têm o poder demodificar, fundamentalmente, sozinhas ou coletivamente. EmHeidegger, por suavez, apontopara o conceito de diferença ontológica. Ba- sicamente, ele exprime a idéia de que o Ser não se identifica com os entes. Mas o que isto significa? Tem a ver, por exemplo, comadiferençaentrea luzeo objetopor ela iluminado.Aluzproduza visão dos entes (das coisas particulares), mas ela mesma não coincide com os entes e nem se encontra neles. Heidegger acreditava na importância da diferença ontológica, pois escrevia no iníciodoséculoXX, quandosurgiam as grandes vanguardas humanísticas e artísticasdaépoca.Aindabuscandoelu- cidar esteconceito, levantoas questões: por queKandinsky criou a arte abstrata? Por que as vanguardas se propuserama subverterasrepresentaçõesliteraisdarea- lidade? Por que o homem moderno se revolta contra ummundo que pretende ser objetivo e dar uma visão absoluta da realidade? Taylor, empresário norte- americano e idealizador do modelo de produção que antecede o fordismo, escreveu, em 1907, um livro intitulado A organização científica do trabalho . Ali, ele descreve a divisão do trabalho A filosofia do pensamento fraco se desen- volve a partir das filosofias de Nietzsche e Heidegger, na tentativa de pensar a emancipação dos homens em função do enfraquecimento das estruturas fortes do pensamento, das leis, da realidade, etc. A morte de Deus : o fim das idéias universais, imutáveis e absolutas, e o ingresso numa era de relativismos, frag- mentação, multiplicidade, diferenças. Ð Cenas do Filme: O Sétimo Selo - Ingmar Bergman
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