Revista da ESPM - MAR-ABR_2008
11 MARÇO / ABRIL DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M permanente e com mais qualidade, depende de um trabalho de médio e longo prazos. CLÁUDIA – Você trabalhou muito tempo no Nordeste. O que você aprendeu lá que aplica hoje? JEANINE – O Brasil é um país al- tamente diverso e, na equipe da Embratur, temos pessoas de todos os lugares, com suas diversas formações. As pessoas agregam, cada uma, suas experiências profissionais ou pes- soais para desenvolver o trabalho. Se você pensar em São Paulo, a cidade tem dinâmica e economia próprias. Muitas vezes, no nosso campo (turis- mo), o setor privado é tão pujante, que não há uma dependência tão grande da atuação pública para que as coisas aconteçam. NoNordeste, o turismo foi transforma- do em uma atividade econômica tão importante, que reescreveu a própria economia regional e a sua própria história.Omundomudou.Os serviços hoje têmuma enorme preponderância e as atividades econômicas do nosso país estão extremamente concentra- das. Neste cenário, o turismo no Nor- deste tem uma imensa capacidade de geração de negócios, de empregabili- dade, e mesmo de sustentabilidade. A sobrevivência do turismo depende da sustentabilidade econômica, cultural e ambiental. Nesse sentido, a história econômica do Nordeste tem sido reescrita por meio do turismo, como um investimento público – e que não seria tão grande se comparado a outros investimentos, em outras áreas econômicas. A atividade do turismo tem, de fato, umpeso diferenciado no Nordeste. O produto turístico “Nor- deste” tem especificidades e uma riqueza cultural muito grande. O Nordeste é conhecido pelo sol e pelas praias, mas – se você for para cada estado – vai encontrar rituais religiosos, festas populares, história, cultura e mesmo recursos naturais absolutamente únicos, cada um com suas peculiaridades. CLÁUDIA –Como você vê amigração dos novos residentes europeus no Nordeste? O que isso significa para o desenvolvimento do nosso turismo e da região? JEANINE – É preciso uma balança para bem medir os dois lados que esse tema envolve. Um é extrema- mente positivo e interessante: a vinda de investidores, a geração de novos produtos e serviços, a construção de novos espaços de turismo e lazer nas regiões brasileiras, a geração de empregos que a construção civil traz. Tudo isso é indiscutível. Mas cada lugar tem uma realidade e é preciso que exista sempre um equilíbrio entre o desenvolvimento desses produtos e o tamanho dos destinos, e que se faça umesforço de planejamento demédio e longo prazos. Faz-se necessária uma gestão estadual e municipal – que passa por umplano diretor até infra-es- truturas. Se olharmos para a Espanha, que todo mundo gosta de dar como exemplo, há lugares – onde esse fenô- meno aconteceu há 20 anos –, prédios e outras construções que estão sendo derrubados. Então, é importante que o Brasil seja alvo de investimentos nessa área. Mas é essencial que esses inves- timentos sejam feitos namedida certa, para que não se tenha um excesso de oferta. Para que se tenha gente para ocupar esses lugares. É preciso haver a combinação da economia com a sustentabilidade ambiental. CLÁUDIA – O turismo sustentável acontece, de fato, no Brasil? JEANINE – Sim, o Brasil temexemplos fantásticos. Tem o Refúgio Caiman – que ganhou um prêmio internacional de sustentabilidade pela harmonia da exploração da atividade econômica, feita demaneira rentável emumhotel- fazenda e em uma região ambiental- mente preservada. Essa é a fórmula O REFÚGIO CAIMAN GANHOU UM PRÊMIO INTERNACIONAL Ð A MARCA BRASIL É UM SUCESSO Jeanine Pires
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