Revista da ESPM - MAR-ABR_2008

Mesa- Redonda 114 R E V I S T A D A E S P M – MARÇO / ABRIL DE 2008 de quase dois milhões de empresas, talvez no Brasil, 5%de 2 milhões... GRACIOSO – Cem mil empresas com mentalidade de marketing? Não acredito. NELSON – Quando eu falo em 3% a 5%, é porque tem havido um esforço, principalmente na última década, dos nossos empresários, com a moder- nidade de gestão, investimentos em propaganda e marketing, responsabili- dade social, ética, mas acho que ainda faltamcapacitaçãoegestãoempresarial moderna em um percentual acima de 95%, tenho certeza. E outra coisa, o produto Brasil não é um só produto, único, pois somos um país continente. Temos o produto Brasil e temos sub- produtos. Precisamos de políticas de propaganda, de marketing, de gestão, para cadaumadas regiões dopaís.Nós precisamos trabalhar nessa linha. O sistemaCNTur/Abresi foi recentemente convocado pelo Paulo Okamotto e estamos fazendo um trabalho de formação profissional e capacitação em gestão empresarial, o que faz o Senac–queeu respeitoprofundamente – mas, de novo, é a visão do comércio e não a do turismo. O próprio Sebrae tem-nos pedido, nos setores de gas- tronomia e hotelaria, que participemos da formataçãodos conceitos dos cursos etc. Vejo que podemos ter, no Sebrae, um grande aliado. Sei que estamos no caminho certo para descobrir o que falta para esses 2 milhões de empresas –porque sãodoismilhõesdeempresas! Vocês podem imaginar: 2,5 de sócios, em cada empresa, são cinco milhões de empresários que precisam fazer algum curso de capacitação para a moderna gestão empresarial. E não são sóos empresários,mas os gerentes. Acho que podemos sair daqui com uma grande proposta para melhorar o nível de gestãodos nossos empresários. Esta seria uma grande proposta para o sucesso da reunião de hoje. GRACIOSO – Uma Escola como a nossa pode realmente ajudar. NELSON – Precisamos demais dessa visãoorientadorapara formatar alguma coisa para inovar e melhorar a visão, o conhecimento técnico do empresário de turismo no Brasil. Sabemos que o Brasil, praticamente, não existe no mundo, não existe nem na economia sul-americana, em termos de turismo! Estamos atrasados em relação à Ar- gentina. A média de ocupação no Brasil é de 67% e na Argentina quase 90%. A Argentina recebe quase 10 milhões de turistas. Nós estamos 50 anos atrasados. Eu tenho denúncia a fazer: o grande responsável por isso é o sistema do comércio, que arrecada mais de R$1 bilhão como turismo que vai para o Sesc e Senac. Nós quere- mos ter o Sestur - Serviço Social do Turismo, Senatur - Serviço Nacional de Aprendizagem ao Turismo, e esse dinheiro vai ser administrado pelos trabalhadores, pelos empresários, que se dedicam ao turismo. Não tenho nenhum constrangimento de falar nisso, porque são situações que coloquei em processo nos supremos tribunais federais. MÁRIO – Concordo como que oNel- son falou. O Brasil, nos últimos anos, tem-se deparado com uma situação nova, os executivos estão chegando dediferentes países, diferentes culturas, diferentes idiomas, estão à frente de grandes organizações. Há brasileiros que têm sob sua responsabilidade exe- cutivos de outros países. Acho que a ESPM, sim, pode adequar seus cursos e contribuirmuitopara a formaçãodes- sas pessoas. Concordo totalmente que o gerenciamento médio, em especial no segmento do Turismo, está muito carente de qualificação. GRACIOSO – Não por coincidência, temos pensado nisso, mas confesso que estamos atrasados. Algo impor- tante foi quando o Toni disse que São Paulo é como uma pizza, que precisa ser degustada aos pedaços. Acho que o sucesso do turismo em São Paulo é exatamente esse. Quando se fala de promover uma cidade como SãoPaulo é praticamente impossível oferecer tudo para todos. O marketing de hoje procura fazer promessas, ofertas, para nichos bem definidos, já que sabemos que as pessoas são cada vez mais in- dividualistas, há tribos cada vez mais bem definidas. Por exemplo, a peça My Fair Lady começou há cerca de um ano, e já trouxe para São Paulo 60 mil visitantes, do interior principalmente, mas também de outros estados, como Riode Janeiro, que vêmpara cá, fazem umprograma de fimde semana, movi- mentam restaurantes, vão ao shopping etc. e, West Side Story deverá ser outro sucesso. Isso mostra que não é preciso reinventar a roda. A Broadway faz isso há um século. NovaYork, que hoje é a capital do mundo, já foi a capital dos EstadosUnidos. Nos anos 60, 90%dos turistas lá eram americanos; eu acho que é assim que temos de começar. Fazer do turismo interno a base sobre a qual o turismo externo vai se construir, porque haverá mais estrutura, custos menores. Mas eu acho que o turismo interno, principalmente, só se constrói à base de nichos, apelando para muita gente diferente; o Convention Center oferece apelo para o homem de negó- cio. Acho que está faltando isso: mar- keting feito por profissionais, em vez

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